O Cosmos é tudo o que existe, existiu ou existirá.

quarta-feira, setembro 09, 2015

Raio de Merda


Entro numa fase da minha vida em que a emoção desapareceu, de repente o meu mundo ficou cinzento.
Pode ser apenas uma fase passageira, uma transição por uma pequena depressão, mas também pode ser o inicio do resto da minha vida.
Não quero dizer que tenha perdido o interesse em viver, ou deixado de amar, na verdade sinto que  amo mais do que nunca. O casamento e os filhos ensinaram-me o conceito do amor profundo e a minha vida tem um propósito.
O que perdi foi o brilho e o deslumbre pelo mundo, pelas brincadeiras, por fazer coisas novas. Perdi a magia da infância.
Alguns dos meus amigos podem pensar: "Até que enfim!"; Se calhar era suposto isto de me tornar adulto ter já acontecido há anos... Mas parece que só agora sinto isto. Será talvez o estágio para a meia idade?!
Por um lado a seriedade tem uma importância grande e que nos ajuda a proteger os que amamos. Por outro lado é um pouco triste a criança em nós morrer... È uma morte aos bocadinhos...
Isto ocorreu-me quando terminei o Ciclo Paper deste ano. Não houve magia durante o dia que costumava ser o mais maravilhoso do ano para mim. Não houve magia na entrega dos prémios. Na realidade até me senti desconfortável nesse fim de semana, como se houvessem olhos que me acusassem de não fazer o que devia... Como se tudo o que fiz não fosse suficiente... E senti-me angustiado quando no passado me sentia feliz.
Talvez seja apenas a repetição do mesmo, talvez a repetição tire toda a côr aos acontecimentos por tanto os experimentarmos... Talvez se parasse de fazer o mesmo, ano após ano e fizesse algo novo a magia voltasse. Sei lá, organizar um geo-Paper, um face-Paper, ou algo completamente diferente como aprender a andar de patins em linha...
Ou se calhar, independentemente do que faça, nada mais mude. Talvez seja esta a fase da vida em que entro e da qual não mais saia. A fase da idade média, sem brilho, sem côr, em paz, mas sem júbilo.
Talvez seja tempo para dar lugar aos jovens e começar a aprender a fazer coisas de velhos. O que fiz já deixou algumas marcas e gostava de deixar uma herança, mas isto da meia idade é uma treta, pois é muito cedo até para deixarmos uma herança.
Que raio de merda. Sou novo demais para ser velho, mas velho demais para ser novo!

sexta-feira, agosto 28, 2015

Ipsum Factus



Hoje já contei este episódio 3 vezes e de todas as vezes as pessoas se riram, se de mim ou comigo, não sei, mas achei que era suficientemente divertido para partilhar e distribuir mais algum riso. Ainda que uma regra do humor parece ser rirmo-nos da desgraça alheia, ainda que a desgraça só seja alheia para vós, é sobre mim e não é um grande desgraça. Mas eis o que aconteceu, como aconteceu:
Estas últimas noites tenho andado bastante ocupado com a organização do Ciclo Paper, evento que tenho que organizar à noite, pois durante o dia tenho que trabalhar. As tarefas do Ciclo paper vão desde contactar pessoas, a pintar materiais, a experimentar jogos.
Ontem à noite estava a enviar SMS's aos colaboradores, e como aos nabos tudo acontece, o telemóvel bloqueou-me a enviar um SMS. Disparatei, queixei-me, carreguei nos botões os seis segundos da praxe e como ele não reagia, lá lhe tirei a bateria e reiniciei-o à bruta. Mandei os  SMS´s que tinha que ser e abandonei o telemóvel na mesa de trabalho, pois fui convidado para experimentar uma prova espectacular que os meus colegas tinham estado a montar. Quando nos divertimos as horas correm e quando dei por ela tinha colegas da organização a dizer que tinham que se ir embora que já passava da meia noite. Tentei-me apressar e também rumei a casa.
Chegado a casa, tarde, tenho fome, há que fazer uma sandes, deixa ver o que há, queijo e misturo com molho de camarão, maravilhoso.... Só é pena que ainda tenho fome.... Deixa ver mais uma bananinha. Que bom! E para terminar antes de ir para a cama só um iogurte e já agora uma gelatina que não engorda... Olha ali uma bolachinha fora da caixa, molinha, como eu gosto... Estou satisfeito, horas de ir para a cama. Deixa ver o que está a dar na televisão. Sento-me no sofá... Que fixe está a começar um episódio do Mentalista. è rapidinho só demora 45 minutos... Acho eu...
Pronto acabou o Mentalista, parece que vai ter continuação, mas tenho mesmo que me ir deitar. Tão grogue que estou que vou aos tropeções para a cama... Tiro a roupa, atiro-a para o chão, pouso o telemóvel na mesinha de cabeçeira e toca a adormecer... Mas nunca mais adormeço... Na cama perdemos a noção do tempo e após o que pareceu uma eternidade no escuro, ouço o telemóvel a vibrar... Alguém a enviar-me um SMS a esta hora? Pego no aparelho, viro o ecrã para a minha cara e a primeira coisa que vejo são as horas: 3:25 da manhã.... Quem ca... é que me manda um SMS ás 3:25 da manhã?!  Tenho que dormir!
Convém dizer que o meu despertador para o trabalho é o próprio telemóvel, tenho-o programado para as 7 menos 10m que me dá tempo mais que suficiente para chegar ao trabalho cujo horário começa às 8:00. E mesmo quando me atraso um pouco, como só demoro 5 minutos a fazer o trajecto casa-trabalho, consigo estar lá sem grandes atrasos. Mas nesta fase já só tinha um pouco mais de 3 horas para dormir...
Finalmente adormeço, mas o sono tem também aquela propriedade do tempo passar instantaneamente e mal adormeço, ainda no escuro lá está o telemóvel a berrar, o som do despertador chama-se Einsteiniano, mas deve ser o som que o Einstein fazia de manhã quando acordava mal disposto, porque o berreiro tira-nos mesmo da cama. Eu atrapalhado salto com o corpo para cima, sem saber muito bem o que precisava, apenas que tinha que ir... Ao que a Mafalda que vai trabalhar mais cedo 1 hora e ainda ao meu lado me diz: "É muito cedo, falta uma hora..." E eu penso para mim: Rais'parta o telemóvel que voltou a ficar no fuso horário de Espanha e está a despertar 1 hora mais cedo, mas o que digo para a Mafalda é: Que bom, posso dormir mais... E deito-me...
Entretanto acordo com um beijo de despedida da Mafalda que está de saida e a partir daqui tenho que me manter atento às horas pois após ela sair eu tenho que me preparar passado pouco tempo... Por isso vou estando de olho no telemóvel e quando me apercebo que ele já marca 8:20 (o desgraçado está na hora de Espanha e por isso são 7:20) há que despachar, casa de banho, lavar-me, barbear-me, vestir-me, corro muito e verifico que são 7:45... Apertado mas já estou pronto e só levo 5 minutos a chegar ao trabalho...
Vou para a carrinha, ponho-a a trabalhar e arranco. Mal entro  na estrada noto logo que ainda é Agosto, não há ninguém nas estradas. Enfim as minhas férias já acabaram há uma semana... Vou para a autoestrada, na qual só tenho que fazer 2 quilómetros e olho para o relógio da carrinha que neste momento me mostram ser: 7.17? 7:17? Mas que car...? Afinal o telemóvel  não estava na hora de Espanha, estava mesmo desacertado e mais de uma hora... Nisto é que começo a reflectir, e vejo que ando a correr para não chegar atrasado, quando a primeira vez que ele tocou deviam ser 5 da manhã... Rais'parta a sorte... Bem pelo menos chego cedo. Estaciono na empresa, parque vazio, óbvio e bem-me à cabeça que se calhar quando abandonei o telemóvel ontem à noite alguém me decidiu pregar uma partida e decidiu adiantar-me a hora... Quem teria sido o tratante? Vamos a um cafézinho... Máquina do café, 30 cêntimos, sai o café e enquanto o saboreio calmamente, ponho-me a olhar para o visor do telemóvel e constato que ele assinala a data 1 de Janeiro de 2009... Fds... Fui eu que me atraiçoei a mim próprio quando lhe tirei a bateria e ele passou imediatamente das 22:20 de Agosto de 2015 para as 00:00 do dia 1 de Janeiro de 2009...
Sete e um quarto da manhã e eu na empresa para começar a trabalhar às oito... Pelo menos tenho tempo.