E
os anões saltimbancos, habituados a agradar e a não serem abusados,
fizeram o que o rei lhes ordenou, cantaram e saltaram, entretiveram e
animaram até acharem que tinham agradado e feito um bom trabalho . Após o
seu número os anões voltaram para o seu palhácio satisfeitos. O
palhácio era o aposento dos anões saltimbancos onde eles viviam e
ensaiavam.
Mas o rei, que temia não
ser obedecido por todos, foi passear pelos corredores do palhácio a ver
se escutava ou via algo contra ele. Ninguém queria mal ao rei, pois os
anões já tinham conhecido antes outros dois réis e sempre tinham vivido
em paz. Os anões faziam pantominices para alegrar os reis e estes
ajudavam os anões dando-lhes melhores condições no seu palhácio. Havia
confiança e entreajuda nesse tempo. Claro que os anões não tinham feito
nada de mal, mas como em qualquer casa haviam caixotes do lixo cheios,
ou lamparinas acesas em salas vazias e o rei aproveitou essas falhas
para exercer o seu poder sobre os anões repreendendo-os e fechando-lhes o
palhácio à chave deixando-os de fora.
Mas
não lhes explicou as regras e os anões ficaram sem saber em que
falharam e que regras deviam seguir para não falhar novamente, por isso
os anões para se defenderem enviaram uma mensagem ao rei pelo anão Emílio que era pequeno e rápido. Mas o rei não respondeu durante muito
tempo o que deixou todos intrigados e assim começaram a levantar-se
perguntas pelo reino. O rei apercebeu-se que estava a haver falatório e
com receio de que fosse mal sobre ele, fez rapidamente um decreto e
publicou partes dele em lugares públicos por todo o reino e mais além. E
chamou os anões saltimbancos ao seu castelo para falar com eles.
Os
3 representantes dos anões, o Mestre, o Dunga e o Espirro foram
reunir-se com o rei, mas este com medo de perder a vantagem, ainda que
os anões fossem pequeninos e ele tivesse o poder todo, disse:
-Só me reunirei com um de vocês!
E
o Mestre foi para a sala do trono enquanto o Dunga e o Espirro ficaram à
espera jogando ao pau e pedra em linha. Quando a reunião terminou o
Mestre vinha desanimado e sem soluções e por causa disso muitos anões
tiveram que voltar a viver em casa dos pais e sendo essas casas longe
esses anões nunca mais voltaram ao palhácio.
Os
anões reuniram-se então em assembleia e depois de todos conhecerem as
posições do rei e ao fecho do palhácio decidiram que tinham que
continuar a fazer as coisas que mais gostavam e se não o podiam fazer
com o rei e para o rei, fariam-no para o povo e com o povo. E assim os
anões foram para fora das muralhas e continuaram a fazer as coisas que
gostavam para pessoas que gostavam deles. E quem perdeu foi o rei!