O Cosmos é tudo o que existe, existiu ou existirá.

sábado, dezembro 30, 2006

Primeiro aniversário da Beatriz.


A minha filha completou um ano cá fora da barriga da mãe.
Estiveram da parabéns os pais e a filha. Foi dos anos da minha vida mais dificeis a nivel profissional, mas ainda assim com todo a felicidade que a minha filha me trouxe, foi o melhor ano da minha vida.
Na foto temos a bebé ladeada pelo avô, o meu pai que a par da minha filha e da minha mulher é das pessoas que mais amo. Ainda estão visiveis a Inês e a tola da minha sobrinha Filipa que apesar das maluqueiras é uma menina querida.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Dez anos sem Carl Sagan.


Sou um amante da ciência. E isso deve-se a dois motivos principais, um interno e o outro externo. O factor interno tem a ver com a minha ânsia de saber, com o gosto que tiro das descobertas, o prazer de entender. O factor externo tem um nome, Carl Sagan.
Faz 10 anos que o senhor Carl Sagan nos deixou, em 20 de Dezembro de 1996. Este homem tocou a minha vida pelo menos 2 vezes.
A primeira influência deste senhor na minha vida e talvez a mais marcante foi aos meus 11 anos, decorria o ano de 1987, e eu frequentava o 2º ano da telescola. Foi o ano em que me tornei céptico. Também ateu, mas mais importante que isso, céptico. Eu era, como qualquer miúdo nessa altura e nessa idade, um devorador de televisão. E passava na televisão portuguesa a série Cosmos. Eu ficava colado ao televisor. Devo ter visto todos os episódios. Mas houve um que me marcou mais. Já não me recordo de qual, mas sim do conteúdo e da ideia que transmitia. Falava-se na criação do universo e nas diversas teorias para o seu aparecimento. As teorias gnósticas e a teoria cientifica. Não se dava relevo a uma teoria isolada, mas apresentavam-se as várias versões que explicavam o aparecimento de tudo o que conhecemos. As teorias mais folclóricas e poéticas a par de uma teoria obtida através de observações e método, a teoria cientifica do big bang. Este confronto de ideias obrigou-me a pensar, onde estaria a explicação correcta? Devia ter fé cega e aceitar as explicações religiosas que me tinham sido dadas, ou estaria certa a explicação cientifica obtida através de observações metódicas, testadas através de teorias e experiências, mas que me obrigavam a partir de um principio de ignorância, sem deuses, sem sobrenatural, para explicarem tudo? Para mim a escolha foi muito rápida. Nessa hora passei de católico a ateu. Tornei-me céptico, e passei a acreditar-me apenas no que podia ser comprovado pela ciência, porque encontrei aí um caminho plausível que me satisfazia. Tudo isto devo ao Sr. Carl Sagan.
A segunda vez que o Sr. Carl Sagan tocou a minha vida, eu já era um jovem adulto. Terá sido por volta dos meus 21 anos. Aconteceu que durante o verão desse ano passeava pelo Furadouro de mãos dadas com a minha namorada, a Mafalda, e deparei com uma feira do livro ao ar livre cheia de promoções. E tive a sorte de encontrar um livro de ficção denominado “Contacto” com uma temática que me era apelativa. Investi nesse livro. E foi dos melhores investimentos que já fiz. Além de me ter trazido uma paixão pela leitura, pois desde aí devoro livros, abriu-me portas que eu pensei nunca existirem. Aprendi o que era a vida de um astrónomo, como funcionava exactamente o método científico, e mostrou-me um universo enorme quer em espaço quer em tempo.
Desde aí tenho lido vários livros deste grande homem e alguns deles aprofundaram ainda mais a minha crença na ciência. “Um mundo infestado de demónios” é um livro esclarecedor, uma prova de que o pensamento céptico, ordenado, obtido a partir de provas sem dúvida, é a fonte correcta para o conhecimento. “Biliões e biliões” é um livro emocionante, uma mostra que a ciência não tem que ser fria, tem que ser interessada e dirigida aos interesses da humanidade. O conhecimento científico deve privilegiar formas de melhorar a condição humana, prevenindo acontecimentos que nos possam ser nefastos.
O Sr. Carl Sagan amava a humanidade e a ciência. Na sua vida promoveu projectos de exploração espacial, tais como as naves Voyager, as naves que a humanidade enviou mais longe. Concentrou-se na exploração de Marte. Nunca fez descobertas ao nível de Einstein ou newton, mas foi o homem que mais e melhor terá divulgado as descobertas da ciência e desses cientistas.
Carl Sagan deixou-nos em 1996, faz uma década. Apaixonado pelo conhecimento como ele era, choro interiormente pelas descobertas maravilhosas que desde aí fizemos e a que ele nunca pôde assistir. Mas a humanidade hoje é mais evoluída e o mundo mais seguro devido à passagem deste grande cientista.
Newton disse “Se vi mais longe foi por estar aos ombros de gigantes.”. Eu acrescento: “Toda a humanidade viu mais longe aos ombros de Carl Sagan.”

sexta-feira, setembro 29, 2006

Escape à angustia.

Olá.

Hoje sinto-me um pouco angustiado. Não sabia muito bem o que fazer para me aliviar, mas fosse o que fosse eu sabia que tinha que dizer algo a alguém. Pôr para fora é sempre a melhor maneira de encontrar a paz. E lembrei-me do meu blog, iniciado quando terminei de escrever a minha segunda peça de teatro. Que melhor sitio do que este, para desabafar? (eu devo ser louco por segredar as minhas mágoas num sitio com tanta visibilidade, mas enfim...)
Quando nos sentimos angustiados nem sempre há só uma razão para esse facto. Uma forma de provar isso é metaforizando a angustia como sendo o esmagamento dos sentimentos, e para haver um esmagamento tem que haver pelo menos duas superficies sólidas a pressionar em direcções opostas e que impeçam o esmagado de escapar. Nada se esmaga apenas por ser empurrado por um peso. Pode-se ser arrastado, mas enquanto não embater numa outra superficie não se esmaga.
E como de costume, analiso, faço analogias, esquematizo, metaforizo (esta palavra não sei se existe, mas soa muito bem), defino forças e direccções, mas nunca revelo os motivos. Nem nunca poderei fazê-lo aqui.
No entanto sentir escapar estes devaneios ajuda-me imenso.
Fui amaldiçoado com a descrença, e mais tarde abençoado com a crença de que nada termina, apenas se transforma. Aos 11 anos a minha mente racional bloqueou-me qualquer hipotese de crer em algo que se assemelhe a sobrenatural. O meu universo é totalmente natural. E a minha adolescencia encontrou motivos para o sofrimento e para a dor, que passar por essa idade traz, simplesmente os meus motivos eram diferentes dos outros jovens. Ao cehgar à idade adulta encontrei um outro conjunto de leis mais práticas, em que creio profundamente sem precisar de conspurcar a minha não-religiosidade:
Acredito que o fim de algo, não é mau, porque terá que vir algo de novo e diferente a seguir. - lei da transformação da energia.
Acredito que se eu fizer o mundo melhor à minha volta, serei afectado por esse mundo da mesma maneira. - lei da acção reacção.
Acredito que nunca me devo arrepender, porque isso é lamentar ter vivido algo. - Sentido unidirecional do tempo.
Todo o meu mundo se reger por leis naturais como estas, em que consigo acreditar piamente, sem precisar de recorrer ao sobrenatural para encontrar forças.
E sei que devo viver agora sem hesitações, sem arrependimentos, sem lamentos, caminhando em frente, ainda que sofrendo colocando um sorriso nos lábios para melhorar o mundo à minha volta, esperando que isso retorne para mim.
Obrigado a todos pela atenção.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Love is universal.


Hi to all.

I am writing this on English to give everyone of my friends around the world the same chance of understanding my messages. Unfortunally writing in English excludes some of my Portuguese friends, but for them i already write many times many words they could understand and they know how much i love them.
Today is a special day. This is the last day of work. One time in the year i take two weeks in which i don’t want to see or work with computers. During the year i work maybe 10 hours a day with those evil machines (Muhahahaah), i am joking, i like computers, but it is too much time. To keep my sanity i need to get away from them for a period. And that is what i usually do on the week of my birthday.
My birthday is on the 15 August, in Portugal it is a national holiday, and it coincides with the summer and the period many people take holidays. Fortunally for me i never spend my birthday working. And i have great peaceful memories of that day. i remember some years ago being in Algarve, on the beach by sunset, walking on the water line, 8:00 PM and i received a greeting call from a dear friend. it touched me being far from home and still remembered from those i love.
This year i can’t go adventurous like i did on previous years. i have a beautiful young baby child to take care. it will be the first holidays i do with her. i can’t get into adventures, i am responsible for someone who needs loving care and stability. But still it will be wonderful. Like italians say “La Dolce vita”, just with my “bambinas”.
I have many responsibilities, but they all be the same when i return. “Work don’t spoils” as a ex-boss of me used to say.
For this two weeks i will take cellular, unfortunally it is a need, but only will accept calls i know won’t disturb my rest. And i want to receive birthday greetings. But i don’t think i will need computers. Maybe to discharge the card from the photo machine. But i can contract that in any store around there.
I will go to the movies. i love movies. i want to see all the blockbusters: “The Pirates of the Caribbean”, “Superman”…
I will be travelling through the north of Portugal. There are beautiful views on there. From Caminha to Bragança, passing by Peneda-Gerês. it is interior of Portugal, meaning no beach’s, but still many lagoons of blue water, on the valleys of the mountain. it is great and i barely can wait for it.
For you my friends i will be here again in two weeks, renewed, freshened, and ready for another full year of stress. if you want post a comment over here, i greatly enjoy your words. See you all… Hugs and kisses.

segunda-feira, junho 26, 2006

Os meus amores.


A motivação da minha vida!
A Beatriz faz seis meses em 27-06-2006, meio ano fora da barriga da mãe. E sendo tão pequenina e tão nova, já provou que não é preciso ser-se grande, erudita ou famosa para trazer felicidade ao mundo à volta dela. Para trazer a felicidade pode-se ser pequeno, simples e puro.
É assim que ela é e trouxe-me a mim e à minha esposa a maior felicidade do mundo.
Amo-te muito filha!

segunda-feira, abril 10, 2006

Regras da realização pessoal.

Todo o Homem (letra grande) deve ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. È uma frase que resume as três coisas mais importantes, que como seres inteligentes, devemos conservar: a própria humanidade, a natureza e o conhecimento.
E sendo um cliché, frases que normalmente desvalorizamos pela vulgaridade com que são usadas, esta consegue reunir os elementos que garantem uma vida feliz e equilibrada. Portanto é uma regra a seguir.
Falando em regras, o meu herói, um grande senhor, já falecido em 1996, de seu nome Carl Sagan, escreve certa vez num dos seus brilhantes livros, quatro regras:
A regra de ouro: Faz aos outros o que desejas que te façam.
A regra de prata: Não faças aos outros o que não desejas que te façam.
A regra de cobre: Faz aos outros o que te fizerem.
A regra de ferro: Faz aos outros antes que te façam a ti.
Cada um de nós deve escolher viver a vida segundo a nobreza do ouro, ou a corruptibilidade do ferro.
Carl Sagan influenciou imenso a minha vida, aos onze anos enquanto via um episódio da série Cosmos, a minha vida transformou-se. Descobri a minha paixão pela ciência, descobri que não queria aceitar dogmas impostos pelos outros. Carl Sagan fez-me perceber que tudo no universo podia ser explicado em termos naturais, e só tínhamos que ter a paixão e a inteligência para encontrar a explicação de tudo. Tornei-me também ateu. Mas felizmente, para mim e para os que me rodeiam, um ateu com moral. Isso aconteceu porque este grande homem soube-me abrir os olhos para a ciência, mas não o fez de uma forma fria. Este grande homem usava a ciência como ferramenta para melhorar o mundo. Ele olhava para os nossos planetas irmãos, Marte, muito frio, e Vénus, muito quente, e extrapolava lições para a humanidade, alertando que estávamos no limiar entre a morte pelo frio ou pelo calor. A Terra tem aquele equilíbrio que permite manter a água acima da temperatura de congelação e abaixo da de evaporação. E nós seres vivos preenchidos de água no interior de cada célula devemos nos consciencializar da necessidade de manter esse equilíbrio.
Isto leva-me de volta à primeira regra desta minha reflexão, conservar a humanidade, a natureza e o conhecimento. Este grande senhor foi isso que fez. A vida de Carl Sagan foi das vidas melhores aproveitadas. Não só promoveu esta regra a nível pessoal, como a divulgou publicamente. Não só conservou o conhecimento da humanidade como o ajudou a aumentar, alertando-nos sobre a necessidade de tratarmos bem a natureza. Para a humanidade sobreviver a natureza tem que sobreviver, e só com esse conhecimento o podemos conseguir.
Este foi um homem de ouro. Fez por todos nós o que queria que lhe fizéssemos. Foi este o modelo em que me inspirei para ser eu.
Já tive uma filha (quero mais filhos). Já plantei arvores (na escola primaria, no dia mundial da floresta). Falta-me escrever um livro (as peças de teatro não contam!).
E encontrei já o tema. Também aqui a minha paixão pela ciência marca. Há 1600 anos atrás a idade média começou, com a morte de uma grande mulher, Hipácia. Ela foi a mulher perfeita, matemática, filosofa, astrónoma, bela e carismática. Encontrou a morte em 415dc ás mãos de fanáticos religiosos. A morte de Hipácia é considerado como o início da idade média, 1000 anos de obscurantismo que se seguiram, e da qual só saímos devido a um punhado de homens no Renascimento que recuperou de alguma forma os conhecimentos perdidos. Vou tentar retratar o que aconteceu nesses anos. Vai ser uma história em que tentarei adivinhar os episódios perdidos, mas os acontecimentos que irei relatar existiram. Desde a queima da Biblioteca de Alexandria até à morte de Hipácia foi um quarto de século terrível para a humanidade e para a ciência.
Mas esse período negro por que passamos também nos deve servir de lição, para que não o repitamos. Tal como outros episódios negros da história da humanidade, a memória não deve ser apagada, para que nos possamos manter alertas contras as causas que os provocaram da primeira vez, e o possamos evitar de tornar a acontecer.
Com tudo isto tenho medo de parecer querer voar muito alto. Mas fui inspirado por homens que voaram alto. Não me quero equiparar a eles. Mas quero dar aos homens o mesmo que eles deram: Aquilo que queria que me dessem a mim.

sexta-feira, abril 07, 2006

Evolução pessoal.

Tal como a natureza evolui, também a nossa personalidade evolui. È um facto próprio da natureza humana. As transformações na nossa vida, causadas pela idade, pelas atribulações familiares e profissionais, a nossa aprendizagem através da experiência, tudo isto somado se reflecte na nossa personalidade.
Mas continuo a dizer que sou optimista. Provo isso porque falo em evolução e não em regressão. Acredito que cada dia estamos melhores. As alterações vão-se somando e cada dia temos e somos capazes de algo novo. Se calhar é isso o amadurecimento. Aumentamos a nossa paciência, o nosso desembaraço, a ternura, e diminuímos a impetuosidade, a timidez, e a agressividade.
Posso estar, e sei que estou, a falar apoiado num caso único e que não serve de amostra do mundo; eu próprio. Mas é isto que sinto comigo ao passar do tempo. Talvez as experiências do tempo e da natureza estejam a dar todas certas comigo. Mas privado de outras fés, tenho fé que a natureza tem mecanismos próprios para garantir a evolução. E isso também me dá optimismo.
Mas escrevo tudo isto em tom nostálgico, porque estes pensamentos iniciaram-se quando hoje olhei para trás e pensei como era diferente o Fernando que andava no liceu há mais de uma década atrás. Tinha outros amigos, outros objectivos, outras preocupações, que em pouco se cruzam com as actuais. Nessa altura o meu amor era a Christina, menina venezuelana, moreninha, querida, adolescente sem saber o que queria da vida, que para minha felicidade me acompanhou ao baile de finalistas. O que eu queria era arranjar um emprego como programador de computadores, e comparava-me aos meus ícones, Bill Gates e Peter Norton. A carta de automóvel era uma realidade recém adquirida, e a experiência de vida muito curta. Era um grande idealista, talvez maior do que agora, mas também isso é próprio da juventude. Preparava-me para inserir num mundo que ainda não conhecia.
Actualmente, passados 12 anos, 6 empresas, 1 (e ½) curso universitário, duas empresas abertas, muitos cursos de formação, poucas namoradas (isso é sempre pouco), muitas noites de boémia, uma esposa e filha, vários países percorridos, como poderia ser o mesmo Fernando? Penso que os dois Fernandos, o antigo e o actual, se encontrassem discutiriam, um mais jovem e idealista por discordar de algumas cedências que tive que praticar ao longo da vida, e o mais maduro para libertar e ensinar o jovem a caminhar sem receios e abraçar o que é mais importante.
Resta saber como será o Fernando do futuro? Provavelmente um homem do seu tempo…

quinta-feira, março 30, 2006

Optimismo.

Quando está tudo bem, tudo está bem.
Existe uma característica minha que aprecio, e que tem o seu quê de admirável e curioso: acontece-me algumas vezes, quando no geral tudo está bem comigo e com quem me rodeia, parar para pensar “Hoje está tudo bem!”. Mas penso isto com profundidade e sinto-me bem mesmo. O lado cómico é que penso sempre “Está tudo bem e nem sequer estou constipado!”. È uma maneira optimista de estar e ser, e faz-me apreciar os momentos de bonança que residem entre os períodos de tempestade. Porque a vida decorre por ciclos, bom, mau, melhora, piora. È inevitável ser assim. E estes instantes de introspecção (e extrospecção simultânea) dão-me força para o período que se segue. Quando estou nos momentos maus (e constipado) penso sempre que também isso há-de passar e a bonança há-de voltar.
Os períodos maus sequenciam bons, e os bons sequenciam maus. E isto pode parecer uma rotina sem nada de inovador, e até assustador para quem pensa: “Já fiz tudo o que tinha a fazer! Não há nada de novo.” Mas também aí sou optimista. Claro que não gosto da rotina, e o meu espírito aventureiro quer viver coisas novas. Quando olhamos para o ontem e para o amanhã, num sentido imediato, parece-nos que hoje fizemos as mesmas coisas que ontem e amanhã não há grandes possibilidades de fazermos algo diferente de hoje. Mas contra esta ideia apoio-me na minha experiência e tento pensar numa escala um pouco maior. Naturalmente que o meu ontem e o meu hoje, não podem ser muito diferentes do amanhã. Mas olho mais para trás, por exemplo um ano, e observo como era diferente à um ano e como nesse ano fiz tanta coisa. E extrapolo isso para o futuro, e sei que não vai ser diferente, daqui a um ano estarei de certeza rodeado por uma realidade diferente e terei feito imensas coisas. E quero que seja assim até ao fim da minha vida.
Acomodar-se é morrer. Quem entra no ram-ram e não faz coisas novas,aceitou implicitamente que o seu dia de hoje será igual ao dia da sua morte. E isso é um pensamento horrível.
Não me acredito em radicalismos nem extremismos. Tentar mudar algo de forma súbita pode-nos levar a um choque com algo para o qual não estávamos preparados. Acredito-me que a evolução é um processo lento. A evolução quando observada em períodos curtos parece que nem existe, mas vista num período maior é algo de inegável. E pequenas mudanças na nossa vida causadas por nós podem melhorar ou piorar muito o nosso futuro devido à escala dessa evolução. Ser optimista é uma forma de tentar aumentar as nossas probabilidades de um futuro melhor.

sexta-feira, março 17, 2006

A felicidade existe.

O dia mais feliz da minha vida

À alguns dias atrás revi um filme que apesar de ser uma comédia, desta vez deu-me para reflectir sobre a vida. A história roda em torno de 3 amigos desde a infância e agora a aproximarem-se dos 40 anos. Cada um com uma personalidade diferente, sendo o filme uma comédia acentua a caricatura de cada personagem, mas mesmo assim cada um deles é um pouco de todos nós. Como os 3 amigos estão naquela fase critica da vida que separa a juventude da maturidade eterna, estão a passar por uma crise existencial e a reflectirem sobre as memórias do passado. Entre eles levanta-se a questão de qual foi o melhor e o pior dia que já viveram… o protagonista, desempenhado pelo Billy Cristal, recorda-se de um dia já longínquo no tempo, em que com nove anos o pai o levou pela primeira vez a um estádio para ver um jogo de basebol. Foi a primeira vez que ele viu um estádio a cores, antes só a preto e branco na televisão (ainda é desse tempo, tal como a maioria de nós), e a emoção do momento misturada com a cor, a animação e o laço emotivo com o pai, marca aquele dia como o mais feliz da vida dele. Já o “Chico Fininho” da história (Daniel Stern, nosso conhecido de “Sozinho em Casa”) recorda-se do dia do casamento dele, o que se torna hilariante visto a vida casada dele ter sido um dia infeliz atrás do outro. Mas ele explica, o casamento dele era o primeiro entre os irmãos dele, vestiu aquele fato bonito, o pai apoiou-o e ele sentiu-se adulto, responsável, fez-lo sentir-se bem. E convence-nos. A terceira história é a mais triste: o personagem mais discreto da história, interpretado pelo Ed Furillo de quem ninguém se lembra, recorda-se daquele dia na adolescência em que o pai dele chegou a casa mais uma vez bêbado, a insultar a mãe a maltratar-lo a ele e à irmã. E desta fez o miúdo não se ficou, e expulsou o pai de casa dizendo-lhe para ele nunca mais voltar. A partir daí ele cuidou da mãe e da irmã. O dia em que ele se revoltou contra o mau pai, foi simultaneamente o melhor e o pior dia da vida dele.
Para quem não reconheça a história, o filme era “A vida, o amor e as vacas”.
Isto tudo veio numa altura em que eu me apercebi que tenho tido os melhores dias da minha vida. Os dias mais felizes da minha vida aconteceram depois da minha filha nascer. E se puder enumerar um, aponto o dia 15 de Março de 2006 como o mais feliz de sempre: Acordei cedo, eu e a minha esposa tínhamos que fazer análises cedo. Levamos a Beatriz connosco, e ela estava desperta e bem disposta. Já se ri, interage e acompanha o movimento das pessoas. Passeamos metade da manhã com ela, e onde parávamos ela estava sempre sorridente e feliz. Nada preenche mais o nosso coração do que o sorriso de um filho. E eu passei um dia maravilhoso. Foi um dia banal, com actividades banais, não fui a um estádio, não me casei, passei-o com a minha esposa e filha, fui fazer análises, depois trabalhar. Mas tinha o mais importante da minha vida: amor, paz e o sorriso da minha filha.

segunda-feira, março 06, 2006

Planos.

“Adoro quando um plano dá certo!” em criança ouvi muitas vezes esta expressão da boca do Coronel Hannibal dos Soldados da Fortuna. Mas esta frase era uma ironia, porque o plano nunca corria como planeado. O que acontecia era que depois de todos os incidentes, a conclusão da história era sempre a desejada. Na vida real os planos também se desviam das intenções mas a conclusão nem sempre é a mais desejada.
O que não quer dizer que deixemos de planear. Toda a fantasia é um plano. Sonhamos com o que desejávamos que acontecesse, mas chegada à hora do acontecimento planeado temos sempre que contar com o inesperado.
Nunca conseguimos antever tudo o que pode acontecer, e o problema é que imaginamos sempre as coisas que gostaríamos que acontecessem. Não é que seja mau o que desejamos, mau é isso não poder acontecer.
Os planos falham porque nos esquecemos que um plano envolve factores extrínsecos e incontroláveis na maior parte das vezes: o local da acção, o tempo meteorológico, o tempo cronológico, e o mais importante e quase sempre envolvido nos nossos planos: os terceiros e a sua vontade.
Porque nós temos planos (fantasias que gostávamos que acontecessem) desenhados á nossa vontade, que depois falham redondamente, porque passam ao lado das fantasias e vontades dos outros. O que nos leva a uma daquelas leis de Murphy: a única coisa certa num plano é ele falhar.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Dia dos namorados.

Ontem foi dia dos namorados. Mais um dia comercial, este sem ser feriado. Mas isto é apenas uma observação e não uma critica. Na verdade este dia é óptimo. É uma ilha no ano. Um dia em que conseguimos fugir à rotina e dedicarmo-nos a uma causa feliz. E é um dia em que nos dedicamos a uma segunda pessoa, e por isso também recebe a benesse de ser um dia altruista.
Tenho um amigo que não namora e andava a resmungar sobre a proximidade deste dia. Sente-se mal. Ele fazia-o de uma forma caricata de maneira a ser hilariante. Mas no fundo sente-se sozinho. O dia dos namorados é um mini-dia de Natal, em que quem tem alguém vive-o de forma feliz e a trocar prendas, quem não tem ninguém preferia que o dia não existisse.
Eu confesso que não me dediquei só à minha cara-metade neste dia. Passei a noite com ela, num jantar romântico e com mais dois amigos, de qualquer dia, metade da minha vida. Mas também mandei uma mensagem querida a uma menina, que adoro como um misto de filha-amiga-namorada. O amor não é propriedade de duas pessoas, é muito mais vasto.
O amor é amizade, é fraternidade, é caridade, é também paixão... O dia dos namorados pode ser muito mais lato do que a expressão de amor entre apenas um casal. E contribui com isso para um mundo melhor.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Amar a vida.

Sou um amante da vida. Talvez isto seja um reflexo da minha falta de fé espiritual, não tendo outras crenças, agarro-me à vida. Mas visto por este angulo parece que a vida é tudo o que me resta, como se fosse apenas um resto, e isso uma má perspectiva. A vida é o maior prémio, é o melhor que há. E nós somos os premiados.
Na vida é possivel amar, ter amigos, ter filhos, criar, aprender, ensinar... Podemos fazer as melhores coisas que existem. E só as podemos fazer porque estamos vivos.
Acontecem muitas desgraças e tristezas também. E sentimo-nos frustrados por essas tristezas não servirem nenhum propósito. Existe também a angustia de não vermos os nossos desejos realizados. Tudo isto são coisas más. Não tenho explicação que permita aceitar estas coisas. Tento apenas acreditar que sou um sortudo por continuar vivo.
E sinto-me honrado e feliz por viver junto a pessoas tão nobres como os meus amigos e poder partilhar com eles o que tenho de mais importante, a minha vida.
A vida é o solo fértil. Nós somos a cultura. A amizade e o amor os frutos.

B. de V.

A minha avó e a minha filha.


A minha avó e a minha filha.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Amor verdadeiro.

O amor verdadeiro existe! Esta é uma das questões com que mais me tenho debatido. E poderia ter sido eternamente uma pergunta sem resposta. Mas deixou de o ser. Agora sei que o amor verdadeiro existe. Só que de uma forma que nunca o procurei.
Geralmente quando eu falo no amor verdadeiro sou rapidamente interpolado com uma interrogação para que eu defina o “amor verdadeiro”. Não sei exactamente o que é porque não sabia se existia, mas defino assim aquilo que eu procurava: é um tipo de amor que supera a razão. Que une duas pessoas, que se amam, com um laço tão forte que se torna inquebrável. Amor verdadeiro é aquele em que o mais importante é a felicidade da pessoa amada. Não existe ciúme, pois somos capazes de abdicar da pessoa amada pela sua felicidade. Não existe mentira e isso acentua o verdadeiro. Somos capazes dos maiores sacrifícios pela pessoa que amamos, mesmo morrer. Ser correspondido é sinónimo de felicidade plena. E também imagino o amor verdadeiro como um fogo que nos alimenta sem consumir. Como algo que sem tempo para se construir existe logo em toda a sua força e dimensão.
O que eu procurava era algo que só tinha tido conhecimento através de uma história de ficção: “Romeu e Julieta”. São o mote para esta minha busca. Mas o amor entre estes dois personagens, parece-me tão maravilhoso, que se existisse fazia justiça à própria vida.
Não quero desvalorizar o meu sentimento com a pessoa que amo, a minha esposa, e querida amiga Mafalda. Ela é a minha correspondente no melhor que tenho na minha vida. Minha amiga, amante e companheira. Mas o que tenho com ela é fruto de uma construção lenta e bem trabalhada. Eu e ela temos os mesmos interesses, e sempre foi agradável estar com ela, é fácil recordar-me que anos antes de namorarmos já saíamos juntos, passávamos passagens de anos juntos, conversávamos muito, riamo-nos em conjunto e sarávamos magoas em conjunto. Foi um passo natural namorar e mais tarde casarmos. Mas o que temos foi fruto de um companheirismo dedicado um ao outro. O meu amor com a Mafalda é fruto de um relacionamento sólido, sujeito ao tempo, preenchido com diálogo e compreensão. E é um caso feliz de amor. Mas não é um amor que sem tempo existiu em toda a sua dimensão. Não é amor verdadeiro segundo a minha definição. È antes algo como amor pleno.
“Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.” È uma frase de outra pessoa que eu amo. Um outro tipo de amor. Um amor mais puro. Mas a existência destas duas pessoas na minha vida, e das diferentes formas que as amo, prova que existem diversos níveis de amor. E a própria frase confirma isso: “…poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.” Fala da variedade e raridade de certas formas de amar.
Mas apesar destas interrogações filosóficas com que me debatia, encontrei agora uma prova e solução para a minha interrogação. O amor verdadeiro existe! Apercebi-me disso quando estava a segurar ao colo da minha filha, olhei para ela e através dela no tempo e soube que a amava acima de tudo. Que o laço que me prende a ela é inquebrável. O mais importante para mim é a felicidade dela. Não existe mentira ou ciúme entre mim e ela. Sou capaz de tudo por ela, mesmo morrer. E tudo isto apareceu em toda a sua intensidade sem tempo para se construir. È amor verdadeiro.
Afinal eu procurava o amor verdadeiro como sendo uma espécie de amor platónico entre um homem e uma mulher, e o amor verdadeiro transcende isso tudo. O amor verdadeiro não se sujeita às relações do namoro humano. È algo tão glorioso que não tem essa restrição.
Mas a prova surgiu-me numa relação não platónica. O que me deixa outra variação da questão… Será que o amor verdadeiro do Romeu e da Julieta é possível na vida real?

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Crescimento.

A Beatriz já tem 3 semanas completas. Quando estou com ela, mesmo estando ela a dormir, fico deliciado a observá-la. Durante esse tempo, em que estou inerte, a minha mente divaga sobre o que será o futuro da Beatriz. È impossível sabê-lo mas mexe com a curiosidade. Os pais querem sempre o melhor para os filhos, mas nem sempre sabem o que é o melhor, e não o devem tentar impor.
Estes primeiros tempos da vida de uma pessoa são passados maioritariamente a dormir. O metabolismo esse não dorme, opostamente à capacidade de movimento, é intenso. È surpreendente como em 3 semanas a minha filha cresceu 2,5cm. È quase 1 cm por semana. Por esta média uma pessoa em 4 anos podia passar de 50cm para 2,5m. Claro que o crescimento não será sempre assim tão galopante.
A minha filha, apesar de ser desta espécie que denominamos inteligente (espero que ela possa contribuir para a melhoria da espécie humana), ainda não tem consciência. È curioso pensar que estes primeiros 5 anos da vida dela, serão na vida adulta dela apenas um borrão na memória, talvez com a recordação de um momento mais marcante e nada mais. No entanto para mim serão dos anos mais importantes. Não só pela diferença feliz que é ter uma descendente, mas pela paixão com que viverei cada pequena grande conquista dela. Estou ansioso por a ver a conseguir segurar a cabeça por si própria, depois por a ver a manusear objectos, a rastejar e a gatinhar, a dizer a primeira palavra, a caminhar… É uma sequencia de acontecimentos apaixonante. E só os pais é que terão memória disso. Nunca a minha filha se lembrará de quando começou a falar, mesmo isso, provavelmente, marcando o início da consciência dela.
Agora resta-me estar ao lado dela. A ajudá-la, a cuidá-la e a ensiná-la. Por tudo isso sou recompensado com esta sensação de preenchimento que a natureza oferece a quem colabora com os seus interesses.
Amo-te Beatriz.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Um sim ou um não podem mudar tudo.

Um "sim" ou um "não" pode mudar a nossa vida. A vida é um desfile de decisões e a cada momento temos que escolher um novo rumo. Não há caminhos traçados, nós é que fazemos o caminho. Se escolhermos um caminho árduo somos nós quem o temos que trilhar. Mas também seguir pelos caminhos fáceis não nos faz chegar a metas de interesse. Então o dificil é encontrar o equilibrio entre o certo e o errado, o fácil e o dificil, o que queremos e aquilo que podemos...
Ainda não tomei decisões radicais na minha vida, continuo no caminho fácil, mas desejo ardentemente correr o risco. Porque sei que só arriscando posso ser verdadeiramente feliz. Se não o fizer ficarei ainda assim contente (contentado). Mas arriscar caminhos tortuosos não é uma escolha fácil, traz muitas dores. Quero essas dores? Não, não quero as dores! Mas desejo alcançar a meta que está para além do atalho dos trabalhos. O que o futuro dirá é se ousarei correr o risco.
Mas não espero pelo amanhã, para o saber. Talvez tenha perdido a noção do equilibrio e esteja demasiado viciado no presente. Mas é no presente que sou feliz. São pequenos momentos como os que tenho vivido, quando o presente é presente, que me dão alento. São momentos simples mas que fazem justiça à vida. São o que tenho. E tenho que estar feliz pela realidade não ser demasiado complicada a ponto de não os poder viver.
E quando vejo as coisas a desmoronarem-se à minha volta sinto que sou uma coluna de suporte. Suporto-me a mim e apoio quem me rodeia. Por isso, pelo meu orgulho, ou talvez por que simplesmente sou assim, mantenho-me sem tombar. E para tomar o caminho é preciso estar de pé, ou não chegamos longe. Falta-me saber nesta encruzilhada se serei mais feliz com o "sim" ou com o "não"...

quinta-feira, janeiro 05, 2006

"Carpe Diem".

Não existem contos de fadas. A vida real não tem contos de felicidade. O mais próximo que existe disso são contos de contentamento. Se não podemos ficar felizes pelo menos não ficamos descontentes.
È uma realidade que eu aceito e que não me entristece. Poderia ser desmoralizador o facto de me acreditar com antecedencia que a felicidade plena nunca pode ser alcançada. Mas não me desmoraliza. Talvez seja isso a maturidade, o aceitar que a luz que existe no mundo não é colorida mas afinal apenas em tons de cinza. O meu ponto de vista optimista é que se não tenho cor também não estou condenado às trevas.
Muita gente desespera porque algo na sua vida não é como esperavam, o amor, a riqueza, o casamento... E dizer-lhes que nunca vai ser só serve para acentuar esse desespero. Mas é a verdade.
Eu aceito o mundo como ele é. Mas não sou insensivel. Sofro como qualquer pessoa. Mas olho mais além, e acredito-me que o melhor está sempre para vir. È um pequeno alivio.
As histórias cor de rosa com fadas não existem. Pelo menos para um numero de pessoas que seja de considerar. Então resta-nos ou desesperar ou aceitar essa realidade. Eu escolhi aceitá-la. E vivo sem desespero.
Acredito-me numa filosofia que a pouco e pouco se tem tornado a minha unica religião. Uma filosofia introduzida por um poeta de seu nome Horácio já lá vão muitos séculos, diz ela:

"Tu ne quaesieris scire nefas quem mihi quem tibi
finem di dederint Leuconoe nec Babylonios
temptaris numeros. ut melius quidquid erit pati.
seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam
quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
Tyrrhenum: sapias vina liques et spatio brevi
spem longam reseces. dum loquimur fugerit invida
aetas: carpe diem quam minimum credula postero. "

Traduzido:

"Não questiones, nefasto é saber, quer para mim, quer para ti,
o fim que nos reservam os deuses, Leucónio, nem os babilónios
horóscopos consultes. Quão melhor o que quer que venha é sofrer,
sejam inúmeros os Invernos, seja este o último que Júpiter nos atribui,
e que agora, contra as falésias, debilita a força do mar
Tirreno! Sê sábio, filtra os vinhos e restringe a momento breve
a vasta esperança. Enquanto falamos, terá escapado o invejoso
tempo. Aproveita o dia e não confies em nada do que é futuro."

terça-feira, janeiro 03, 2006

Sensatez.

A sensatez é dos valores que mais aprecio. E penso que posso sentir algum orgulho de ser reconhecido como alguém cujas acções demonstram sensatez.
Mas neste momento, sem querer me expor, sinto que tenho que tomar decisões que podem transformar a minha vida. E tenho que conjugar a sensatez, com a sabedoria, correndo riscos em qualquer decisão que tome.
Passa-me também pela cabeça que a sensatez não é o único factor importante a avançar para uma decisão. O que dificulta bastante as questões. Se optar pela sensatez sei que prejudico o mínimo de pessoas inclusive a mim, se o não fizer corro riscos de me magoar e outros comigo.
Mas sei que correr riscos é necessário. Senão fosse assim reparem nestes exemplos e pensem no que é mais sensato:
1º Tendo um emprego estável por conta de outrem com um salário fixo e satisfatório ficar com o emprego, ou arriscar abandonar essa estabilidade na vida por um negócio incerto por conta própria onde podemos triunfar ou fracassar.
2º Estando apaixonado pela nossa melhor amiga mantermos o silêncio sobre o nosso amor sem correr o risco de criar um desconforto entre os dois que prejudique a amizade, ou arriscar declararmo-nos a ela podendo encontrar o amor verdadeiro ou perdê-lo para sempre.
3º Tendo uma vida certa e confortável numa localidade pequena onde somos reconhecidos e apreciados nunca deixar esse meio garantindo o conforto e o reconhecimento pessoal, ou arriscar abandonar esse meio saltando para o desconhecido de forma a poder conhecer o mundo e expandir os nossos horizontes ou tornando-nos um vagabundo.
São exemplos dramáticos, mas quantos de nós não têm que tomar pelo menos uma destas decisões na vida… Nenhum destes casos é exactamente o meu, nunca há dois casos totalmente iguais, mas os sentimentos envolvidos são os mesmos. Arrisco dar o passo ou não dar o passo?! Ganhar ou perder?! Sensatez ou insensatez?! Tudo ou nada?!
Estou mais inclinado para o arriscar, o que vai contra a ideia de eu ser sensato… Mas para além de sensatez que advém da minha racionalidade, essa mesma racionalidade diz-me que a fronteira que me é imposta sem o risco não é suficiente para a minha felicidade. Por isso esta carta é o meu primeiro passo para o risco que vou correr. È uma forma de organizar as minhas ideias, de forma a arriscar controlando os riscos. Se isso é possível.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Ano novo, vida nova.

Começou um novo ano. É sempre um acontecimento sinónimo de esperança e de novas oportunidades.
Na minha vida os acontecimentos recentes são todos eles positivos. Tenho uma empresa cujos investimentos se estão a pagar a eles próprios, tenho uma mulher que me ama, tenho uma filha linda recém-nascida. Com tudo isto no começo de um novo ano devia estar rejubilante. Mas não me sinto assim.
Estou apreensivo, angustiado, muito angustiado e cansado... O espírito humano é assim mesmo, incompreensível. Claro que no fundo nós nos compreendemos a nós próprios. Às vezes por orgulho ou por falta de racionalismo aplicado sobre nós próprios não conseguimos discernir os motivos que lá no fundo nos fazem sofrer. Felizmente a mim não me falta a razão. E tenho a capacidade introspectiva necessária para saber as causas da minha angústia. Também tenho a razão suficiente para não as partilhar aqui num sítio público.
Mas não condeno esta insatisfação que sinto. Sei que ela é um motor. Se o ser humano estivesse satisfeito estagnava. È preciso estar insatisfeito para se procurar a satisfação. Muitas vezes é difícil porque o nível de sofrimento tolda-nos a razão, e impede-nos de ver as soluções e o caminho a seguir para elas. Portanto manter a calma é necessário mas difícil.
Faz-me simpatizar cada vez mais com as filosofias orientais que cultivam a paz do espírito. Mesmo que não as pratiquemos a simples ideia de que elas existem, e a paz interior é possível de obter, já é um alívio.
Fugi ao tema que uma carta de ano novo devia apresentar: esperança, paz, amor, humanidade... Ou será que foi mesmo disso que estive a falar todo o tempo?