O Cosmos é tudo o que existe, existiu ou existirá.

quinta-feira, março 30, 2006

Optimismo.

Quando está tudo bem, tudo está bem.
Existe uma característica minha que aprecio, e que tem o seu quê de admirável e curioso: acontece-me algumas vezes, quando no geral tudo está bem comigo e com quem me rodeia, parar para pensar “Hoje está tudo bem!”. Mas penso isto com profundidade e sinto-me bem mesmo. O lado cómico é que penso sempre “Está tudo bem e nem sequer estou constipado!”. È uma maneira optimista de estar e ser, e faz-me apreciar os momentos de bonança que residem entre os períodos de tempestade. Porque a vida decorre por ciclos, bom, mau, melhora, piora. È inevitável ser assim. E estes instantes de introspecção (e extrospecção simultânea) dão-me força para o período que se segue. Quando estou nos momentos maus (e constipado) penso sempre que também isso há-de passar e a bonança há-de voltar.
Os períodos maus sequenciam bons, e os bons sequenciam maus. E isto pode parecer uma rotina sem nada de inovador, e até assustador para quem pensa: “Já fiz tudo o que tinha a fazer! Não há nada de novo.” Mas também aí sou optimista. Claro que não gosto da rotina, e o meu espírito aventureiro quer viver coisas novas. Quando olhamos para o ontem e para o amanhã, num sentido imediato, parece-nos que hoje fizemos as mesmas coisas que ontem e amanhã não há grandes possibilidades de fazermos algo diferente de hoje. Mas contra esta ideia apoio-me na minha experiência e tento pensar numa escala um pouco maior. Naturalmente que o meu ontem e o meu hoje, não podem ser muito diferentes do amanhã. Mas olho mais para trás, por exemplo um ano, e observo como era diferente à um ano e como nesse ano fiz tanta coisa. E extrapolo isso para o futuro, e sei que não vai ser diferente, daqui a um ano estarei de certeza rodeado por uma realidade diferente e terei feito imensas coisas. E quero que seja assim até ao fim da minha vida.
Acomodar-se é morrer. Quem entra no ram-ram e não faz coisas novas,aceitou implicitamente que o seu dia de hoje será igual ao dia da sua morte. E isso é um pensamento horrível.
Não me acredito em radicalismos nem extremismos. Tentar mudar algo de forma súbita pode-nos levar a um choque com algo para o qual não estávamos preparados. Acredito-me que a evolução é um processo lento. A evolução quando observada em períodos curtos parece que nem existe, mas vista num período maior é algo de inegável. E pequenas mudanças na nossa vida causadas por nós podem melhorar ou piorar muito o nosso futuro devido à escala dessa evolução. Ser optimista é uma forma de tentar aumentar as nossas probabilidades de um futuro melhor.

sexta-feira, março 17, 2006

A felicidade existe.

O dia mais feliz da minha vida

À alguns dias atrás revi um filme que apesar de ser uma comédia, desta vez deu-me para reflectir sobre a vida. A história roda em torno de 3 amigos desde a infância e agora a aproximarem-se dos 40 anos. Cada um com uma personalidade diferente, sendo o filme uma comédia acentua a caricatura de cada personagem, mas mesmo assim cada um deles é um pouco de todos nós. Como os 3 amigos estão naquela fase critica da vida que separa a juventude da maturidade eterna, estão a passar por uma crise existencial e a reflectirem sobre as memórias do passado. Entre eles levanta-se a questão de qual foi o melhor e o pior dia que já viveram… o protagonista, desempenhado pelo Billy Cristal, recorda-se de um dia já longínquo no tempo, em que com nove anos o pai o levou pela primeira vez a um estádio para ver um jogo de basebol. Foi a primeira vez que ele viu um estádio a cores, antes só a preto e branco na televisão (ainda é desse tempo, tal como a maioria de nós), e a emoção do momento misturada com a cor, a animação e o laço emotivo com o pai, marca aquele dia como o mais feliz da vida dele. Já o “Chico Fininho” da história (Daniel Stern, nosso conhecido de “Sozinho em Casa”) recorda-se do dia do casamento dele, o que se torna hilariante visto a vida casada dele ter sido um dia infeliz atrás do outro. Mas ele explica, o casamento dele era o primeiro entre os irmãos dele, vestiu aquele fato bonito, o pai apoiou-o e ele sentiu-se adulto, responsável, fez-lo sentir-se bem. E convence-nos. A terceira história é a mais triste: o personagem mais discreto da história, interpretado pelo Ed Furillo de quem ninguém se lembra, recorda-se daquele dia na adolescência em que o pai dele chegou a casa mais uma vez bêbado, a insultar a mãe a maltratar-lo a ele e à irmã. E desta fez o miúdo não se ficou, e expulsou o pai de casa dizendo-lhe para ele nunca mais voltar. A partir daí ele cuidou da mãe e da irmã. O dia em que ele se revoltou contra o mau pai, foi simultaneamente o melhor e o pior dia da vida dele.
Para quem não reconheça a história, o filme era “A vida, o amor e as vacas”.
Isto tudo veio numa altura em que eu me apercebi que tenho tido os melhores dias da minha vida. Os dias mais felizes da minha vida aconteceram depois da minha filha nascer. E se puder enumerar um, aponto o dia 15 de Março de 2006 como o mais feliz de sempre: Acordei cedo, eu e a minha esposa tínhamos que fazer análises cedo. Levamos a Beatriz connosco, e ela estava desperta e bem disposta. Já se ri, interage e acompanha o movimento das pessoas. Passeamos metade da manhã com ela, e onde parávamos ela estava sempre sorridente e feliz. Nada preenche mais o nosso coração do que o sorriso de um filho. E eu passei um dia maravilhoso. Foi um dia banal, com actividades banais, não fui a um estádio, não me casei, passei-o com a minha esposa e filha, fui fazer análises, depois trabalhar. Mas tinha o mais importante da minha vida: amor, paz e o sorriso da minha filha.

segunda-feira, março 06, 2006

Planos.

“Adoro quando um plano dá certo!” em criança ouvi muitas vezes esta expressão da boca do Coronel Hannibal dos Soldados da Fortuna. Mas esta frase era uma ironia, porque o plano nunca corria como planeado. O que acontecia era que depois de todos os incidentes, a conclusão da história era sempre a desejada. Na vida real os planos também se desviam das intenções mas a conclusão nem sempre é a mais desejada.
O que não quer dizer que deixemos de planear. Toda a fantasia é um plano. Sonhamos com o que desejávamos que acontecesse, mas chegada à hora do acontecimento planeado temos sempre que contar com o inesperado.
Nunca conseguimos antever tudo o que pode acontecer, e o problema é que imaginamos sempre as coisas que gostaríamos que acontecessem. Não é que seja mau o que desejamos, mau é isso não poder acontecer.
Os planos falham porque nos esquecemos que um plano envolve factores extrínsecos e incontroláveis na maior parte das vezes: o local da acção, o tempo meteorológico, o tempo cronológico, e o mais importante e quase sempre envolvido nos nossos planos: os terceiros e a sua vontade.
Porque nós temos planos (fantasias que gostávamos que acontecessem) desenhados á nossa vontade, que depois falham redondamente, porque passam ao lado das fantasias e vontades dos outros. O que nos leva a uma daquelas leis de Murphy: a única coisa certa num plano é ele falhar.