O Cosmos é tudo o que existe, existiu ou existirá.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

A verdade sente-se.

A verdade sente-se!
Apercebi-me disto à dias atrás, quando me debatia com a minha consciência sobre o tema do aborto. Começo já por afirmar que sou um defensor do sim à vida, não ao aborto.
Apesar de aqui por escrito, conseguir transmitir de forma bastante ordenada aquilo que sinto, no meu discurso oral muitas vezes não tenho essa facilidade. E como estes dias têm sido de debate sobre o tema, já por algumas vezes fui confrontado com discussões em que quis expor as minhas convicções, tentando convencer as pessoas de que a vida é um direito sobre o qual ninguém pode mandar. Mas senti-me um pouco frustrado por não conseguir encontrar os argumentos mais válidos para comprovar aquilo em que me acredito. No entanto reflectindo à posterior sobre o tema cheguei a esta verdade absoluta: Havendo dois discursos opostos, mesmo sem provas sobre qual o correcto, o nosso coração diz-nos qual é o verdadeiro. A verdade sente-se.
E é isso que eu sinto em relação ao tema do aborto. Posso não ter conseguido provar o meu ponto de vista, sobre a nobreza de defender a vida mas sei que estou certo. Sinto que essa é a verdade.
Orgulho-me de ser português. Portugal foi dos primeiros países do mundo a abolir a escravatura e a pena de morte. Somos exemplares nisso. Em Portugal o aborto é proibido. Em outros países, ditos ‘mais evoluídos ‘ o aborto é legal. Acredito-me que eles não estão no caminho certo, e que mais uma vez Portugal com a lei que ainda tem de proibição do aborto é exemplar para o mundo.
Os defensores do sim ao aborto, (reparem na manipulação das palavras, o ‘não’ tido como negativista, vai ser usado neste referendo para defender a vida, dizendo-se ‘não’ à IVG) alegam que legislando o direito à interrupção voluntária do aborto, se consegue evitar situações de miséria, pobreza, crueldade. E vão resolver esses problemas do país matando crianças por nascer. E eu agora pergunto, depois do aborto ser legal, só as pessoas pobre é que vão fazer abortos? Ou será que uma mulher de carreira, bem de vida, e em ascenção profissional confrontada com uma gravidez imprevista que lhe vai atrasar a evolução na carreira podendo por lei abortar não o fará, mesmo tendo todas as condições para criar a criança? Não estamos a legislar o egoísmo?! E será que a partir de agora com o aborto legalizado vai deixar de haver crianças violadas, queimadas com cigarros, espancadas? O aborto vai solucionar isso?
Posso não encontrar todos os argumentos para demonstrar que a vida é um direito sobre o qual ninguém deveria poder interromper. Mas sinto sem nenhuma duvida que estou certo!
E no próximo dia 11 de Fevereiro vou votar pela vida. Mesmo que o aborto ganhe, não ficarei com a consciência pesada de a partir daí cada aborto que houver em Portugal eu seja um dos responsáveis por o ter aprovado. Quem disser sim ao aborto, mesmo que o faça com a convicção de defender as mães, está a ser cúmplice da morte de bebés ao aprová-lo por escrito num referendo, ainda que anonimamente.
Cada pessoa fica com a sua consciência. E eu acredito-me que há soluções para a miséria, para a pobreza, para o abuso de menores, para tantos males, sem termos que recorrer à morte.
Como li no msn de um amigo: “Sim, há vida.” que também pode ser “Sim à vida”, e para isso voto “NÃO” á IVG.

15 comentários:

Anónimo disse...

Nando,

esta conversa daria pano para mangas e, nem eu nem tu, vamos conseguir mudar as convicções um do outro! Há muito que me deixei de discutir este assunto. Só te quero dizer uma coisa em que acredito piamente: "ninguém aborta por capricho". O exemplo que deste é um atestado de menoridade intelectual às mulheres do nosso país que, por sinal, nos últimos vinte anos têm um nível de instrução maior e melhor ... e não lhes confias essa responsabilidade! Eu gostava de viver num país onde não houve presos de consciência,ou seja, que todas as gravidezes fossem por vontade expressa da mãe e não por força de uma lei que, caso não a cumpram, as empurra para o tribunal, para a devassa pública, para o "olhar de lado" por parte da sociedade.
O meu "sim" não mexe com as tuas convicções pessoais. Se defendes a impreterivelmente vida, com o "sim" podes nunca abortar na tua vida. O teu "não" mexe com a minha vida, condiciona-a... Quem estiver mesmo convicto de que não quer levar a cabo uma gravidez indesejada, aborta... Com ou sem lei a proibir tal acto! Os mais ricos vão fazê-lo ou em clínicas privadas em que os preços são inflacionados por ser uma prática ilegal ou num país onde a IVG seja permitida, enquanto que os mais pobres se sujeitam a condições degradantes!
Eu gostava de viver num país em que não abundassem as leis machistas que subjugam as mulheres, tratando-as como inferiores. Eu gostava de viver num país em que o aborto saísse da sombra e se pudesse falar dele livremente. Eu gostava de viver num país onde houvesse uma educação sexual nas escolas, houvesse livre acesso a informação e a métodos contraceptivos. Eu gostava de viver num país em que as mulheres que vivem um drama de um aborto não fossem consideradas criminosas. Eu gosta de viver num país onde as mulheres que não querem uma gravidez não fossem empurradas para o aborto clandestino. Eu gostava de viver num país tolerante. Eu gostava que esse país fosse Portugal...
Porque quem defende a vida incondicionalmente, para ser coerente não pode defender a lei actual. Uma criança fruto de uma violação não é uma vida? E terá ela culpa das circunstâncias em que foi concebida? Segundo os que defendem a vida, essa criança tem o direito a vir ao mundo, independentemente do acto desumano de que foi fruto. Ninguém é juiz de ninguém... Ninguém deveria ter o direito de se intrometer na vida do próximo... Porque ninguém conhece tão bem a vida do vizinho do lado como ele próprio... E ao querermos condicionar a sua vida, estamos a passar-lhes um atestado de incompetência porque achamos que eles não aguentam com a responsabilidade de ter responsabilidade... DIXIT!

Não vou fazer deste post um cavalo de batalha... É uma opinião, a minha!

Anónimo disse...

onde se lê "Eu gostava de viver num país onde houvesse uma educação sexual nas escolas, houvesse livre acesso a informação e a métodos contraceptivos", leia-se «Eu gostava de viver num país onde houvesse uma educação sexual nas escolas, houvesse livre acesso a informação e os métodos contraceptivos fossem de acesso mais universal».

Anónimo disse...

olá
Eu concordo principalmente com o Nando, ainda que tb concorde um pouquinho com o Celio, mas mt pouquinho mesmo. Vamos lá ver então como. Eu não posso aceitar k se permita abortar a torto e a direito só pq kem engravidou assim o deseja, até pq uma vida é uma vida tanto antes como depois de nascer, e se depois de nascer, é crime, não vejo pq tenha de deixar de o ser só pq é feito antes.Eu tb gostava de viver num país em k houvesse uma boa educação sexual e onde se mostrasse a sério as consequências dos actos que se praticam e se incutisse nas pessoas a resposabilização por esses actos, e não só nas raparigas/mulheres, mas também nos rapazes/homens, porque nos poucos casos de aborto que acabaram chegando aos tribunais, apenas existia arguida (a mulher k abortou). E porquê? pergunto eu. Ela gerou o filho sozinha? Onde está o marido, o namorado, o companheiro, o amante? Pq não está lá ele tb sentado ao lado dela como arguido no mesmo processo? Mas prossigamos. O acesso aos diversos métodos contraceptivos é universal, está à disposição de qualquer um(a), gratuitamente, em todos os centros de saúde e as consultas chamadas de planeamento familiar são grátis e confidenciais.
Conheço várias mulheres que já abortaram, algumas com mais meios económicos, outras com menos, assim como conheço relatos de muito mais situações análogas, em todos os casos o que ditou a decisão do aborto foi o egoismo, mais ou menos dissimulado na desculpa dada. Em alguns casos foi o não querer que se soubesse pq ainda era solteira e parecia mal ficar grávida nessa situação, noutros o ainda ser mt jovem e estar a estudar e uma criança ir interromper esses estudos e comprometer um possivel futuro + promissor, o não querer mais filhos para poder dar tudo do bom e do melhor ao (eventualmente, aos) filho(s) k já se tem - e qts vezes era preferível que tivessem + carinho e atenção e menos bens materiais - não kerer "estragar" um casamento "estável" e financeiramente bom com uma gravidez resultante de um caso extraconjugal, sentir pura e simplesmente k não tem "instinto" maternal, estar em plena ascenção na carreira e não kerer comprometer ou atrzar essa ascenção, dificuldades de ordem financeira, alguma das situaçãoes atrás referidas agravadas por uma negação/recusa de apoio dor parte do progenitor. A maioria destas pessoas tinha acesso a meios contraceptivos e sabia como usá-los, a maior parte delas até abortou numa "clinica" clandestina, obviamente, mas que se cobra bem ou foi ao estrangeiro tratar do assunto, o k ker dizer k são poucos os casos em k foi uma coitadinha, pobrezinha e miserável e k nem sabia como evitar a situação, kem teve de recorrer a isso. A completa liberalização do aborto tb leva a outras questões de foro mais prático. Vivemos num país em k kem não tem dinheiro e tem um qq problema de saúde tem de aguardar pela sua vez de ser atendido no serviço nacional de saúde, seja uma consulta de uma determinada especialidade, uma intervenção cirúrgica, e que geralmente está meses, senão anos, à espera e não raras vezes é "chamada" já tarde demais, pois acabou por falecer. A suposta Lei de liberalização do aborto, diz k este deverá ser efectuado a pedido da grávida, até às 10 semanas de gravidez, levando-se em conta que qd a gravidez é confirmada já se vai, pelo menos, na 4ª semana, não resta mt tempo pa tomar a decisão, que acredito não seja fácil de tomar, e consumar o acto, caso seja essa a decisão tomada. Então não temos capacidade de resposta atempada para situações de saúde realmente graves e urgentes e k põem em risco a vida e o bem estar de tantas pessoas e vamos ter para abortos? E kem vai pagar? Acresce ainda k a lei prevê uma licença obrigatória para situações de aborto uma licença de no mínimo 15 dias e que se pode prolongar até aos 30 dias (supostamente situações de aborto espontâneo ou de situações de risco e efectuado por aconselhamento médico), mas a lei não especifica esse pormenor, aplica-se apenas às situações de aborto (só, ponto final, parágrafo), ou seja a abortante ainda vai passar a ter direito a descansar por um período de 15 a 30 dias, a ganhar a 100%, E kem vai pagar isso?
Até posso concordar em que não tenha de ir a julgamento uma mulher que optou por abortar, e se for, que não vá sozinha pq não chegou sozinha à situação que a levou a enveredar por esse caminho. Mas que se permita impunemente que deliberadamente se mate, tb não posso concordar.
Há alguns anos tive um aborto espontâneo quando estava na 7ª semana de gravidez, alguns dias antes de isso acontecer tinha ido ao hospital, pq estava a ter algumas perdas de sangue que não deveriam acontecer (era a minha 3ª gravidez e nas 2 anteriores não tinha acontecido isso) um dos exames que me fizeram foi uma ecografia intravaginal, já que outro tipo de ecografia não detetaria o que se pretendia por a gravidez ser ainda mt recente, mas foi confirmada a gravidez, pq entre outras coisas, se detectavam já a existência de batimentos cardíacos, já havia um coração minusculo que batia. Então isto não é vida? Então é o quê?
As pessoas, k por egoismo optam por abortar, pq se descuidaram e a vida k está a caminho é k tem de pagar as favas, pq as suas vidas mt pessoais e certinhas é k não podem sofrer alterações, k pensem melhor e, se numa determinada ocasião não estão a usar nenhum método contraceptivo, então k não façam sexo naquela ocasião e, se optarem por mesmo assim o fazerem, então assumam as consequências dos actos praticados.
Pelo exposto, é óbvio que no próximo dia 11 vou votar pelo não ao aborto e pelo sim á vida de todos akeles k não pediram para serem gerados, mas já k o foram têm todo o direito a vir a este mundo. Tem de haver é mais e melhor apoio para as mulheres k são abandonadas por akeles k tb têm responsabilidade, e mta. em toda a situação. Melhor funcionamento das instituições que tratam da adopção, pois uma das alternativas ao aborto passa por aí, pela adopção, mas rápida e não com a lentidão e burocracia de que a situação continua a revestir-se. E como diz o Nando, e mt bem, não é por o aborto ficar disponivel a qq um(a)que o queira, que vão deixar de existir crianças maltratadas e mal amadas, até pq em mts desses casos nem passou pela cabeça da mãe dessas crianças abortar.
Não me alongo mais.É claro k cada um tem a sua opinião, a sua convicção, cada um ao defender uma ou outra situação crê, à partida, estar do lado mais certo e estar a defender o que lhe parece ser a melhor de uma situação que nem deveria existir. É óbvio que não pretendo mudar opiniões ou convicções, apenas aki deixo a minha.

Anónimo disse...

Só um pequeno acréscimo. Nunca condenei ou deixei de manter boas relações com akelas k conheço e k já praticaram o aborto e sentiram suficientemente à vontade para mo confidencializar, não faço julgamentos sobre os comportamentos e opções das outras pessoas, mesmo quando não estou de acordo com eles, até pq não sou ninguém para julgar kem ker que seja, mas nenhuma me pareceu feliz por o ter feito, e situações houve em k a pessoa se sentia arrependida por ter tomado essa decisão e k se pudesse voltar atrás não o faria, enquanto não conheço ninguém infeliz ou arrependido por o ter deixado de fazer, além de k o acto é k é errado e deve-se condenar o pecado não o pecador, ao "pecador" deve-se dar apoio e toda a juda possivel para que não precise de (voltar a) "pecar"

Anónimo disse...

Estou frustrada, pois fartei-me de escrever sobre o tema e perdi o texto. Agora só por curiosidade, estou a ver se esta mensagem fica ou não gravada nos comentários. É o que dá ser principiante nestas coisas!

Anónimo disse...

Astronauta,

li na diagonal o que escreveu e reitero a minha ideia. Concluo(e perdoe-me se minto) que também não acredita no poder de decisão das mulheres deste país... Considera que não vão ser responsáveis e que vão desatar a abortar como doidas, ou seja, que vão abortar por simples e mero capricho. Concluo também defende a vida impreterivelmente e, por conseguinte, as crianças que são fruto de uma violação ou que têm deficiências devem vir ao mundo porque "é um caração que bate" e que não têm culpa das circunstâncias em que são geradas. Logo, é contra a lei actual que prevê a IVG em três ocasiões específicas.
Nos casos de IVG que referiu, concluiu que as que queriam mesmo interromper acabaram por fazê-lo, com ou sem lei. Logo, reconhece que a lei actual desfavorece as de classe pobre, classe que conhece menos, é certo.
Só mais uma coisa, os métodos contraceptivos nem sempre resultam (e não é uma questão de os ter à mão ou não), são extremamente caros (e rareiam os sítios onde são distribuídos gratuitamente) e não há políticas de incentivo ou apoio à maternidade. Os nossos abonos são ridículos quando comparados com outros países, a licença de parto escassa, não há ajudas de custo com a educação, etc, etc, etc...
Vai votar e sei que não a demovo dessa intenção. Mas quero que saiba que o seu voto vai interferir com milhares de vidas, caso o não ganhe. Se o meu voto ganhar, você pode continuar com as suas convicções, pode nunca abortar deliberadamente. Para finalizar, refiro que a pergunta é "concorda com a despenalização" e despenalização é isso mesmo, verbo transitivo que significa "retirar a pena", "isentar de pena". Se vota não, quer criminalizar quem recorre à IVG.

Leia este artigo

http://jn.sapo.pt/2007/02/03/opiniao/interrupcao_voluntaria_estupidez.html




Interrupção voluntária da estupidez


Rui Reininho, Músico

Lembram-se quando as associações farmacêuticas nos alertavam para o descalabro que viria a ser causado pela venda livre de alguns medicamentos em grandes superfícies e postos de combustível? A quantidade de gente a ingerir caixas e caixas de vitaminas, o número infindo de overdoses por aspirinas e antipiréticos, foi, não foi? E quando se alarmou a população com o fim dos trincas nos transportes públicos, dizia-se que os portugueses iam desatar a andar à borla. E a contracepção? Proibida muito recentemente por uma faixa celibatária e invejosa, tornou as fêmeas mais licenciosas, oferecidas? Não sabe/Não responde.

Era doce interromper a estupidez, aquela de que até Einstein não duvidava de tão humano que era. Indesejada como o IRS, que vem sempre nas piores alturas.

Ou, neste caso particular, prender também os homens. Senão ficamos à espera de um castigo divino ou de uma refeição mais pesada, como aconteceu aos papas Leão VII, em pleno acto heterossexual, ou a Paulo II, enquanto era sodomizado; já João II e João XIII foram assassinados pelos maridos, enganados talvez... Se acrescentarmos os milhões de US dólares investidos pelos bispados a indemnizar vítimas de assédio e violação nos Estados Unidos da América e os milhões de bastarditos por esse mundo fora, vemos do que a casa, mesmo santa, gasta. E gosta.

E nós que pensávamos que os clérigos só percebiam de amor pelo "próximo", desejo e orgasmo através da confissão se calhar, as pessoas mentem, no sentido de ter uma pena mais leve quanto ao destino que dão ao esperma dos parceiros. Para mim, a concepção começa no desejo; daí a masturbação poder cegar como se sugeria na catequese. Também concordo que não se proporcionem funerais católicos às interruptas: os últimos a que assisti foram uma verdadeira seca em que os falecidos só eram lembrados à custa de uma cábula. Andamos numa de amor incondicional. Até por Ali e por Alá, vão lá votar e voltem, para a cama, divinas...

Fernando "geniosoft" Pinheiro disse...

Fico extremamente satisfeito por ter proporcionado um local de troca de ideias, sobre um tema importantíssimo como aquele sobre o qual vamos escrutinar no próximo domingo.

Sou da opinião da Luísa, a nossa astronautinha, por isso no caso dela apenas subscrevo o que ela disse.
Para o nosso magno Célio, que sei que não vou demover das suas ideias, que são também ideiais, e ideiais não se perdem facilmente, deixo na mesma o meu comentário aos pontos em que acho que os argumentos não são válidos.

Ninguém aborta por capricho. Concordo. Mas também terás que concordar que se o Sim ganhar, a maior parte dos abortos que irão acontecer, poderiam ser evitados, e portanto mesmo não sendo um aborto por capricho não será nunca justificado.
Sobre as mulheres acho-as muitas vezes mais inteligentes que os homens, pois pensam mais com o coração, e pesam nas suas decisões não só a racionalidade mas também o sentimento, por isso não estou a atestar nenhuma menoridade intelectual a ninguém, e prova disso é a Luísa que opina como eu e é mulher.
Será sempre um crime matar uma criança recém-nascida e por isso para mim o crime já existe se a criança for morta ainda na barriga por isso acho justificável o tribunal.
O teu sim não mexe comigo que se não quiser nunca preciso de abortar. O meu não mexe contigo porque te proíbe de abortar é um facto. Mas o teu sim mexe com a vida de todos os fetos não nascidos ainda, que não terão oportunidade de nascer, porque o teu sim deu direito a alguém de os matar antes de nascerem.
O aborto acontece é um facto. Mesmo sem a lei a permiti-lo. Quem quiser aborta na mesma. Segundo o teu argumento a lei está mal também por aí. Mas baseado nesse argumento poderíamos abolir a pena a todos os crimes, porque eles acontecem na mesma, mesmo estando penalizados pela lei. Não vamos abolir a pena sobre o roubo, sobre o assassínio, sobre a prostituição, pois não?
Gostavas de ter uma melhor educação sexual melhor neste pais, acesso a mais informação e métodos contraceptivos melhores e mais baratos. Acho que tudo isso é melhor do que o aborto. Porque vai o estado gastar dinheiro a subsidiar abortos em vez de subsidiar estas coisas? Era melhor investir os recursos do pais nisso, em vez de em serviços de aborto.
Portugal é um país tolerante. Todos procuramos o melhor para a nossa sociedade. Eu gostava que todas as nossas crianças, nascidas e não nascidas, lhes fosse tolerado o direito de viver. Gostava de continuar a ter esse Portugal.
A questão da lei como está, é polémica sim. Uma vida é uma vida. Independentemente de ser concebida através de uma violação criminosa ou de ser deficiente… Mas eu acho que também há situações excepcionais. E entendo que muitas vezes se tem que escolher entre dois males, o mal menor. O aborto é um mal, mas em certas situações pode ser o mal menor. Nessas situações aceito o aborto, mesmo sendo um mal. Mas não aceito que se liberalize o mal.

Em relação á tua segunda resposta, acho que ninguém quer entrar em exageros e alegar que ao liberalizar-se o aborto, este se vai descontrolar. Tenho a certeza que os números do aborto serão moderados, proporcionalmente à nossa população. Mas isso não quer dizer que esteja correcto na mesma. E eu não acho que essa seja uma decisão das mulheres. A mulher não pode ter o direito de decidir sobre a vida de outra pessoa. Mesmo estando essa pessoa dentro dela e por nascer.
Alegas que a Luísa conhece menos a classe pobre. Falas por ignorância Célio. Conhecendo melhor de quem falo posso te dizer que a Luísa não é da classe rica, e se consegue estar na classe média portuguesa é por trabalhar e sacrificar-se muito, para criar os dois filhos sem nenhuma ajuda do pai deles.
Alegas que é tudo muito caro. È verdade. Então o que está mal? O facto de os contraceptivos serem caros, os abonos fracos, a licença de parto escassa, não haver ajudas com a educação… parece-me que o mal está todo aí. Então qual destes problemas vai ser resolvido com a liberalização do aborto?
E mais uma vez afirmo o meu não à IVG vai salvar vidas. O teu sim vai mexer com muitas mais vidas que o meu não. O meu não, vai obrigar muitas mães a prosseguirem com uma gravidez indesejada. Azar, elas não morrem por isso. O teu sim vai matar imensas crianças. Elas morrem por isso.

Anónimo disse...

Subscrevo inteiramente o comentário do Nando. E é verdade que de rica eu não tenho nada e o pouco que tenho a mim o devo, pq tive de trabalhar para poder estudar e isto pq keria mt estudar, infelizmente acabou por não dar para terminar o curso (não devido a nenhuma gravidez antecipada e não desejada mas ao facto de a minha mãe ter ficado acamada e eu ser a que estava em melhores condições para lhe dar o necessário apoio pois ainda era solteira e a única rapariga, isto a juntar ao facto de ser trabalhadora/estudante, o k já de si não é fácil. Embora o deva tb a kem me deixou nascer. è k sou a 5ª (4º viva) descendente de uma mulher que era viúva e já tinha 3 filhos pequenos para criar (a + velha faleceu ainda criança, acho que com 3 ou 4 anos) uma mulher pobre e sozinha que morava num barraco no meio do monte do que era, naquele tempo (há cerca de 46 anos atrás, um lugarejo pobre da freguesia de Ferreira do concelho de Paços de Ferreira. Essa mulher precisou de levar o seu relógio de pulso a reparar, mas como não tinha dinheiro para pagar o conserto acabou pagando com "o corpinho", bem, eu sou o "recibo" e nasci atrás da porta desse barraco ajudada por uma vizinha k a minha mãe chamou qd viu que tinha chegado a hora. Apesar disso e de o "pai" não querer saber da situação para nada, afinal era casado e pai de outros filhos/as, essa mulher não abortou, e aqui estou eu, mt feliz por estar neste mundo que mts dizem mau, cruel, que está cada vez + poluído, em que a vida é cada vez + dificil e complicada, porque é isso que as pessoas fazem do mundo e da vida, pq este mundo é akilo k nós keremos k ele seja. Mas eu gosto de cá estar, eu gosto de viver, tenho 2 filhos k adoro e espero poder vir a ter felicidade de ser avó. Nada disso seria possivel se akela mulher k foi a minha mãe biológica tivesse optado por um aborto já k a sua situação era tão precária.
Eu sei k há situações medonhas por causa dos abortos clandestinos, mas trata-se de mulheres k tiveram opção de escolha, apenas tiveram azar na escolha k fizeram, ao feto, ninguém lhe perguntou se ele keria ser gerado e, já k o foi, ninguém lhe pergunta se ker ver a luz deste mundo ou prefere que isso nunca venha a acontecer e ele tb tem direito (ou deveria ter) de opção.
Caso o sim vença, só espero k, a kem tem meios para tal, façam pagar como pagariam numa das agora clinicas clandestinas ou como o fariam numa qualquer clinica estrangeira e só permitam o acesso a custos reduzidos a quem efectiva e comprovadamente não disponha de meios.

Anónimo disse...

Caros amigos,antes de mais permitam-me que vos digue que
estou totalmente de acordo com uma das expressões que li no comentário inicial do Geniosoft, que era esta:
"Havendo dois discursos opostos, mesmo sem provas sobre qual o correcto, o nosso coração diz-nos qual é o verdadeiro. A verdade sente-se."
E defenitivamente está aqui a resposta, a solução do referendo do dia 11 de Fevereiro de 2007.
A solução está mesmo ali concentrada naquela pequena, mas feliz expressão.
Ora bem, a minha opinião muito sincera é esta, esta-se a tornar um assunto tão sério numa mera banalidade que se pode responder com um sim ou um não. Eu pergunto-me como é possivel, quem foi o genio que pensou que a questão do aborto e de toda a sua problematica pode defenitivamente ser resolvida com um mero sim, ou um mero não, não será isto uma total desconsideração pela capacidade intelectual dos portugueses?
É que se não é, mais parece!
Bem eu sou apologista pela vida, que niguém tenha dúvidas, e acredito também que para uma sociedade democrática para funcionar correctamente para tudo têm que ter regras, mas para tudo mesmo!
Agora quando depois de aplicadas verifica-se que essas mesmas regras não funcionam da melhor forma a solução está em encontrar outras que aperfeiçoem o sistema.
Meus amigos eu sou apologista da vida no entanto estou de acordo de que a lei do aborto que se encontra a vigorar actualmente não é lá muito feliz, ou foi muito feliz, quando confrontada com alguns casos reais.
E agora eu pergunto, a solução a tomar é radicalizar alei e inverte-la? É que até aqui foram apenas alguns casos isolados, ao inverte-la até pode ser que consigamos impor justiça nesses casos isolados, mas será que esta será justa para todos os outros, melhor, será que funcionará para todos os casos?
Meus amigos, a minha opinião é que este referendo é uma autentica palhaçada, está a ser uma autêntica palhaçada do sr. primeiro ministro, que provavelmente já deve ter feito contas aos trocos que o estado arrecadará com as clinicas de aborto...
Na minha opinião Portugal está a ser manipulado e guiado segundo a opinião do chefão que está lá em cima no trono.
Na minha opinião este referendo deveria sim ser relativo ao aborto, mas no sentido de melhorar a lei actual.Existem lacunas? Corrige-se.
Assim não! E se amanha verificar-se que a lei que se aprovou no dia 11 também não é a mais justa e não é eficaz... faz-se novo refrendo?
Ó meus amigos, assim nunca sairemos da cepa torta!
Na minha opinião a lei actual deveria ser revista e á prori propor-se soluções de melhoramento, incidindo o referendo sobre essas propostas!
Propostas essas que poderiam passar por um aumento das excepções que a mulher possa executar um aborto legalmente.
Num caso de aborto fora dessas excepções, ter-se muito em consideração as componentes emocionais da mulher e as razões que a levaram a abortar,
etc, etc, etc...isto são meros exemplos.
Termino dizendo que eu, eu vou votar não á interrupção voluntária do aborto, primeiro porque estamos a falar de um assunto muito sério que são os principios básicos da vida de um ser humano, e uma decisão destas não deve ser radicalizada, do tipo , se assim não funciona, não me sinto bem, vira-se do avesso, segundo, se a lei actual possui algumas lacunas graves e isso é muito mau, a solução não está em piora-la mais.
Isto é como um rio que está a transbordar numa altura de cheias, é preciso erpormo-nos á imtemperie e ir indo controlando o nivel das margens para que o rio não transborde e arrase tudo, se bem que por vezes, em certos pontos, por muito grande que tenha sido o nosso esforço, o rio tenha transbordado e causado alguns danos! Ora bem, a questão coloca-se aqui?
-A solução seria abrir um buraco maior na margem do rio e este arrasava com tudo, e ponto final, não dava mais trabalhos a ninguém?
- Ou seria, não desanimar e continuar a luta , tapar as lacunas das margens do rio e tentar que este não transborde mais por esses pontos!
Sim é esta a solução!
Não está disponivel? Então deixa o rio correr, não piores a situação!

carlos disse...

Há que levantar cedo e ir votar.
Sim ou Não.

filosofal disse...

cara astronauta,

não leu bem as minhas palavras ou então não me fiz perceber. Não pus em causa a sua condição económica, financeira ou social. Apenas referi que desconhece as classes menos favorecidas por afirma (e passo a citar) que "a maioria destas pessoas tinha acesso a meios contraceptivos e sabia como usá-los, a maior parte delas até abortou numa "clinica" clandestina, obviamente, mas que se cobra bem ou foi ao estrangeiro tratar do assunto, o k ker dizer k são poucos os casos em k foi uma coitadinha, pobrezinha e miserável e k nem sabia como evitar a situação, kem teve de recorrer a isso".
Não quero que entenda isto (entenda-se, o meu comentário) como um ataque pessoal porque não o é. É ou pretende ser um local de troca de ideias. A afirmação que espoletou tudo isto toma a parte pelo todo e isso não me parece justo. Apenas isto...

filosofal disse...

Caro Edgar,

eu fiquei atónito quando li o teu comentário. Dizer que se vai despenalizar a IVG para que o governo ou o país ganhe uns "trocos" é absurdo... Não se trata de uma questão económica e isto é tão claro que nem discuto mais este ponto. É uma teoria da conspiração despropositada!
Dizer que se trata de "casos isolados" também não é verdade. Não se sabe quantas portuguesas abortam por ano. Como são vistas como criminosas, não saem da sombra, não dão a cara e não há números oficiais sobre isso. Como sabes que se trata de casos isolados? Há um número: 1432 mulheres entraram no SNS, vítimas de complicações de uma IVG. Dizer que se vai liberalizar o aborto é desviar o cerne da questão . O que nos vai ser perguntado é: "Concorda com a despenalização...?". Se achas que o rio se vai desgovernar, não confias nas nossas mulheres. Achas que vão desatar a abortar por capricho e não encaras o problema como um drama pessoal... Talvez porque não passaste por tal situação. Eu também não, é verdade... Mas dou o benefício da dúvida a quem por ele passou e não aponto o dedo em riste, acusando-a de criminosa.
Outro aspecto, isso de se intitular "a favor da vida" é, na minha óptica, demagógico. Tu és a favor da vida, tal como eu. Ponto. Eu, por defender o sim, não um carniceiro desvairado, nem como criancinhas ao pequeno-almoço... Tenho valores e princípios, tal como a maioria. E são esses valores não me permitem acusar de "criminosa"porque é disso que se trata, uma mulher que tenha interrompido uma gravidez. Eu respeito o outro, o meu semelhante... porque a minha liberdade acaba quando interfere com a dele.
Quanto a alargar as excepções para se fazer uma IVG é um pensamento bonito, mas falacioso. Não consegues arranjar critérios universais e consensuais. Mesmo o critério da saúde psicológica/mental da mãe não é consensual. Porque dessa forma banalizam-se os critérios, ridiculariza-se o nosso quadro penal. O quadro axiológico (valores) de cada ser é-lhe intrínseco e por ele que cada um se rege. O que para ti é falta de recursos materiais, para outro não o é. O mesmo se passa com saúde (ou falta dela) psicológica/mental de uma mãe. Não vamos criar critérios falsos e exequíveis.
Por último, se defendes a vida sem condições, não podes ser a favor da lei actual que já prevê a IVG. As 3 excepções que contempla podem resultar de um mal tão gravoso como uma gravidez indesejada. Tudo depende do universo e dos valores com que cada pessoa se rege. Isso é não confiar nos outros... É desconfiar das suas razões e dos seus valores. É não lhes confiar uma responsabilidade porque acham que não a sabem gerir e que, por conseguinte, vão prevaricar. É ser pouco tolerante para com o próximo e passar-lhe um atestado de menoridade intelectual.

Vamos somente despenalizar a mulher que abortou, pois é ela a face visível da IVG. Uma mulher que já viveu um trauma (sim, pq o aborto o é) não merece ver a sua vida devassada pela sociedade e ser encarada como criminosa.

filosofal disse...

Por último, a verdade sente-se... (???)


Sim, tem a ver com ideais, com valores, com credos, convicções, sei lá...
Nada mais traiçoeiro de um sentimento.

Hoje, é dia 11! Dou por terminado a minha participação neste post. Espero ter sido claro e queria sublinhar que não quis atacar ninguém... pessoalmente e sem ser pessoalmente... Longe de mim. Apenas defendi o meu voto no sim! Mais logo!

Anónimo disse...

bem, meu amigos, democracia é isto mesmo, cada um ter as suas ideias e ideais e seguir o que a sua consciência dita como sendo o melhor. Que cada um vote em consciência e que aqueles que virem a sua posição preterida por maioria de vontades saiba aceitar e conviver com essa situação. Quanto a resultados práticos do resultado do presente referendo, só o futuro poderá mostrar se foi ou não a melhor, a escolha feita pela maioria.
Não quero que pensem que me senti pessoalmente atacada e é verdade que só conheço uma única situação em que a pessoa recorreu ao aborto (e + do que uma vez) por dificuldades concretas de indole financeira e a pessoas e meios não devidamente qualificados para o efeito, como da última vez que o fez as coisas deram para o torto, desistiu de repetir a situação e acabou tendo + 2 meninas, depois lá tratou de fazer uma laqueação, mas podia ter tratado disso há mais tempo e é uma pessoa com acesso fácil ao centro de saúde k ficava e continua a ficar a 5 mnt de casa (a pé), ao hospital, k ficava a 15 mnt.(a pé)da casa onde a pessoa morava na época. Os restantos casos que conheço directamente são situações um pouco diferentes que, ainda que na sua maioria se prendam com situações económicas menos favoráveis, não eram assim tão desfavoráveis quanto isso nem incontornáveis. De resto só conheço relatos. Mas se até o pessoal de saúde que lida directamente com esses casos e situações tem diferentes entendimentos e posições sobre o assunto, muito naturalmente quem está um pouco mais de "fora" também o terá.
fiquem bem
Fernandinho, nunca vi o teu blogue tão concorrido e tão comentado, mas ainda bem que assim foi.
beijos

Fernando "geniosoft" Pinheiro disse...

...resta-me encerrar o debate de ideias.
O dia em que escrevo este 'post', que penso que será o ultimo desta série, é também o dia posterior ao referendo nacional. Em primeiro lugar neste referendo ficou a abstenção, triste prova de que os portugueses são muitas vezes desinteressados e comodistas. Depois tivemos os votos do sim, que representam uma magra vitória comparada com a abstenção, mas ainda assim uma vitória entre as opções apresentadas.
Em comparação com o referendo nacional que infelizmente acho que não teve uma campanha suficientemente debatida e informada, e em que os portugueses se absteram, pelo menos aqui neste blog, acho que tivemos um bom debate, entre pessoas interessadas e informadas.
Tivemos aqui uma boa amostra do que deve ser a democracia, sem interesses partidários, debatendo apenas o melhor interesse dos cidadãos.
E estou certo quando digo, que apesar das diferenças de opinião, é do melhor interesse para todos baixar o numero de abortos em Portugal. E sei que assim pensam todos.
Fico satisfeito por ter de alguma forma proporcionado este espaço.
Um bem haja para todos.

Fernando