No principio A Consciência vagueava entre as dimensões, viajando sem existir espaço nem tempo, por entre o vazio. Estava sozinha e limitava-se a observar. Ocasionalmente acontecia uma explosão de luz por entre as dimensões, como bolhas de luz que se inflamavam e quase sempre acabavam por desaparecer de imediato. A Consciência sabia que tinha sido de uma dessas bolhas de luz que tinha surgido, mas tinha sido um fenómeno único. De alguma forma a explosão tinha gerado um universo estável que tinha evoluído e gerado A Consciência. Mas agora o fenómeno não se repetia. Enquanto vagueva pelas dimensões, a sua concentração saltava sempre para cada novo foco de luz que surgia, mas quase sempre as constantes desse universo não eram adequadas à sua estabilidade e o mesmo que aparecia, desvanecia-se deixando de existir.
A Consciência teve toda uma existência sem fim para observar e aprender. Aos poucos aprendeu que quando a sua concentração saltava entre dimensões de alguma forma conseguia despertar pequenos focos de luz, big bangs provocados pela sua alteração. Isso deu a oportunidade À Consciência de observar mais de perto e mais vezes o fenómeno. Como uma criança à descoberta começou a dominar a criação de universos e com isso aprendeu sobre as variáveis que o influenciavam. Aprendeu que existiam universos com massa e outros só com energia. Os que tinham massa duravam mais tempo, a massa gerava mecanismos que o sustentavam por um mais longo período, e Ela viu que isso era bom.
Com o contar de experiências a Sua concentração permitia-lhe gerar universos quase sempre com massa. Mas mesmo esses acabavam por desaparecer. A Consciência estudou as suas variáveis, aprendeu sobre as pequenas características que eles tinham, a força de atracão entre as partículas, o tamanho das partículas, as forças electromagnéticas que se geravam, e aos poucos, pequenos universos começaram a surgir que geravam espirais de luz após o aparecimento da bolha inicial. Usando de um número de tentativas infinito ao seu dispôr A Consciência imaginou um universo estável e conseguiu-o criar. Da pequena bolha de luz, surgiram as primeiras espirais, e entre essas houveram embates, e novas espirais surgiram, a matéria deste universo começou a avançar para formas mais complexas e com isso surgiram pequenos grãos que rodeavam os pontos de luz de que eram formadas as espirais, e A Consciência viu que isso era bom.
A Sua concentração afundou-se nos pontos sólidos e viu que aí existiam interações entre a matéria. Existia matéria liquida que fluia e matéria sólida que se arrastava. E os pequenos átomos desta matéria começaram a aglomerar-se em moléculas complexas e aconteceu que a matéria ganhou autonomia. A matéria começou a dominar o espaço à sua volta procurando novos pedaços iguais e reproduzindo-se. A tudo isto A Consciência esteve atenta e viu que isto era bom.
Durante um período de tempo neste universo as particulas autónomas tornaram-se cada vez mais complexas. Agruparam-se e formaram pequenos motores vivos de matéria que conseguiam deslocar-se pelos liquidos. Em pouco tempo na escala da existencia já os seres vivos tinham saltado para o espaço sólido, espalhando-se por toda a superficie do seu pequeno ponto no universo. Este fenómeno aconteceu por muitos sitios do universo, mas em alguns a luz das espirais fazia desaparecer os pontos sólidos e os seres que os pisavam. Mas eles eram tantos que alguns evoluíram para um ponto que começaram a saltar para o espaço em volta. Era a matéria a usar a matéria. A matéria tinha desenvolvido consciência e A Consciência viu que isto era bom.
De alguma forma fechados neste universo que usava apenas uma fração das dimensões possiveis, os seres minisculos e conscientes no seu interior começaram a enviar mensagens para o espaço em volta. A Consciência sentiu-o e teve vontade de responder, mas já tinha interferido na sua criação e optou por não o fazer, agora deixou-se ver para onde ia este universo. A entropia do universo aumentava e A Consciência sentiu que também este se extinguiria, mas este era diferente. A matéria viu que este universo com constantes escolhidas minuciosamente por si tinha gerado inteligência. E a pequena bolha de luz que se começava a apagar, tinha os seres no seu interior à procura de soluções. Os seres lá dentro descobriram que existiam mais dimensões para além do seu universo, e todos juntos no seu interior, agora eram seres que tinham vindo de diferentes espirais que se uniam no pensamento, procuraram, e conseguiram comunicar com A Consciência. E Esta viu que também era bom responder. E comunicaram. Os pequenos seres aprenderam de quem os tinha criado e quiseram juntar-se a ela. Mas só o podiam fazer em harmonia como um só. E toda a matéria e energia restante deste universo foi usada para gerar uma Consciência única, movida pelos pequenos seres que se moviam no seu interior. E todos juntos como um só abandonaram a sua bolha de luz que se apagava e juntaram-se À Consciência que agora já não estava sozinha e ambas viram que isto era bom.
4 comentários:
por outras palavras... aquilo em que acredito.
Obrigada Liliana. Mas é apenas ficção cientifica inspirada na bíblia...
È curioso que o meu primeiro conto seja inspirado nesse livro, mas existindo ou não Deus o livro está presente...
Cientificamente falando. Imagina que estamos numa 3ª dimensão o que sugere impossibilidade de visualizar ou pelo menos de estar numa quarta dimenção. imagina uma bolha (universo) que existe num espaço controlado por outros (Deus) ,seres com poder sobre nós que nem podemos imaginar. Será cuincidencia o nosso planeta conseguir manter-se "vivo" tantas colisões existentes na bolha (universo) e o nosso planeta continua normal. Estaremos a ser controlados?
È o principio antrópico a confirmar-se a ele próprio. Deuses à parte, estamos aqui para observar porque nada ainda nos aconteceu e tudo se proporcionou para a observação. Noutras palavras, nós pensamos logo existimos.
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