O Cosmos é tudo o que existe, existiu ou existirá.

quarta-feira, março 21, 2018

Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidencia

FAÇAM PANTOMINICES! – Berrou o rei que tinha herdado o trono há poucos meses e apesar de toda a sua vida enquanto príncipe já ter sido mandão, queria agora como rei mostrar que sabia mandar.
E os anões saltimbancos, habituados a agradar e a não serem abusados, fizeram o que o rei lhes ordenou, cantaram e saltaram, entretiveram e animaram até acharem que tinham agradado e feito um bom trabalho . Após o seu número os anões voltaram para o seu palhácio satisfeitos. O palhácio era o aposento dos anões saltimbancos onde eles viviam e ensaiavam.
Mas o rei, que temia não ser obedecido por todos, foi passear pelos corredores do palhácio a ver se escutava ou via algo contra ele. Ninguém queria mal ao rei, pois os anões já tinham conhecido antes outros dois réis e sempre tinham vivido em paz. Os anões faziam pantominices para alegrar os reis e estes ajudavam os anões dando-lhes melhores condições no seu palhácio. Havia confiança e entreajuda nesse tempo. Claro que os anões não tinham feito nada de mal, mas como em qualquer casa haviam caixotes do lixo cheios, ou lamparinas acesas em salas vazias e o rei aproveitou essas falhas para exercer o seu poder sobre os anões repreendendo-os e fechando-lhes o palhácio à chave deixando-os de fora.
Mas não lhes explicou as regras e os anões ficaram sem saber em que falharam e que regras deviam seguir para não falhar novamente, por isso os anões para se defenderem enviaram uma mensagem ao rei pelo anão Emílio que era pequeno e rápido. Mas o rei não respondeu durante muito tempo o que deixou todos intrigados e assim começaram  a levantar-se perguntas pelo reino. O rei apercebeu-se que estava a haver falatório e com receio de que fosse mal sobre ele, fez rapidamente um decreto e publicou partes dele em lugares públicos por todo o reino e mais além. E chamou os anões saltimbancos ao seu castelo para falar com eles.
Os 3 representantes dos anões, o Mestre, o Dunga e o Espirro foram reunir-se com o rei, mas este com medo de perder a vantagem, ainda que os anões fossem pequeninos e ele tivesse o poder todo, disse:
-Só me reunirei com um de vocês!
E o Mestre foi para a sala do trono enquanto o Dunga e o Espirro ficaram à espera jogando ao pau e pedra em linha. Quando a reunião terminou o Mestre vinha desanimado e sem soluções e por causa disso muitos anões tiveram que voltar a viver em casa dos pais e sendo essas casas longe esses anões nunca mais voltaram ao palhácio.
Os anões reuniram-se então em assembleia e depois de todos conhecerem as posições do rei e ao fecho do palhácio decidiram que tinham que continuar a fazer as coisas que mais gostavam e se não o podiam fazer com o rei e para o rei, fariam-no para o povo e com o povo. E assim os anões foram para fora das muralhas e continuaram a  fazer as coisas que gostavam para pessoas que gostavam deles. E quem perdeu foi o rei!

Moral da estória:  Quando não conseguimos encontrar semelhanças com a realidade é porque o absurdo só pode ser ficção, imaginem se não fosse!

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