Há dias da nossa vida em que reflectimos sobre a morte. Ontem dei um passeio pelo cemitério e pensei sobre isso.
Num passeio entre as sepulturas, encontrei imensas pessoas conhecidas, e pensei em como no final todos nos encontramos no mesmo sitio. Amigos, familia, conhecidos, muitos a nascerem no mesmo sitio, na mesma casa, fazem um trajecto diferente, longo para os que têm mais sorte e no final voltam à mesma casa. De casa a casa.
Irmãos que vieram de uma família comum, muitos que terão nascido na mesma casa, cresceram juntos, fizeram-se Homens, aprenderam, trabalharam, conheceram alguém com quem construir uma vida, deram novas vidas, uns em casas próximas, outros afastaram-se e foram para longe, para outras terras, ensinaram, para no final se reunirem novamente na casa daqueles com quem cresceram. É poético.
(Quase) Ninguém sabe qual será o seu último dia, pode ser hoje, poderá ser daqui a muitos anos, a vida é o nosso dom mais precioso. É com a vida que a matéria pode mudar o curso da história, que pode desafiar a entropia e encontrar a vida eterna. No final só restam as nossas partículas, mas enquanto elas estiveram organizadas em nós, de alguma forma puderam ter (pelo menos a sensação de) livre arbítrio. Nesta fase da minha vida acredito-me mais no determinismo, quero-me acreditar, faz mais sentido para o meu cérebro racional, que tudo desde o principio dos tempos, já está determinado, que cada dois átomos que se encontram partilham a sua energia de forma matemática, e que o resultado não é aleatório, mas predefinido, ainda que incalculável e obscuro. Acredito-me que o final dos tempos já não pode ser alterado, mas que este universo já foi tão longe na improbabilidade matemática, para o desfecho não ser feliz.
E os seres humanos assim como toda a vida que nos rodeia, são uma das peças mais importantes para um desfecho feliz. Cada pedaço de vida e inteligencia é um contributo para a sobrevivencia do universo. E sempre que fazemos algo bem feito sentimo-lo, somos recompensados com descargas de prazer e bem estar, fruto de interacções quimicas, da matéria a recompensar a matéria.
Acredito que temos um destino pré-traçado, que não podemos fugir dele, mas ele é desconhecido e impossivel de conhecer, apenas no final da nossa vida, no último dia que vivemos a nossa existencia se completa e faz todo o sentido. Até esse último dia, temos um contributo a dar, uma influencia sobre o meio. A partir desse último dia, voltamos à nossa casa, e reunimo-nos com o universo de que fazemos parte, espalhando-nos e provavelmente voltando em outras formas, dando outros contributos diferentes, quiçá um dia novamente inteligentes...
O Cosmos é tudo o que existe, existiu ou existirá.
sexta-feira, junho 03, 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário